Presidente da Câmara de Ovar critica fim de testes para ter alta

Presidente da Câmara de Ovar critica fim de testes para ter alta


Salvador Malheiro considera também que falta coragem para atuar com medidas restritivas.


O presidente da Câmara Municipal de Ovar criticou esta quarta-feira a alteração da norma da Direção-Geral da Saúde que dispensou a realização de um teste negativo para que os doentes infetados com covid-19 tenham alta no final do período de isolamento, que nos casos assintomáticos e ligeiros foi reduzido de 14 dias para dez. “Obviamente que o Ministério da Saúde tem legitimidade para implementar o que bem entender. Mas todos temos direito à liberdade de opinião”, escreveu o autarca nas redes sociais, onde desde o início da pandemia, quando Ovar teve uma cerca sanitária implementada durante dois meses, faz o ponto de situação sobre a evolução dos casos nos concelhos. Salvador Malheiro diz ser contra a decisão por colocar a responsabilidade nas empresas, libertando a Segurança Social, fala de um “risco evidente em matéria de saúde pública” e considera que “mais do que normas para aumentar, de forma artificial, os números de pessoas recuperadas, o Governo tem de atuar”, apontando que falta capacidade de testagem e faltam profissionais para acompanhar e contactar as pessoas infetadas e os seus contactos e para fazer inquéritos epidemiológicos. O autarca dá o exemplo de um homem de 60 anos que teve alta após testar negativo na última semana e que se sentiu mal, com dificuldades respiratórias, e faleceu no hospital. “Falta coragem para atuar com medidas mais restritivas, em zonas muito concretas e bem identificadas”, escreveu ainda, ontem de manhã, antes do encontro entre o primeiro-ministro e os autarcas da zona do Vale do Sousa Norte.

A forma como foi comunicada a dispensa dos testes para a alta clínica tem sido criticada pelo Sindicato Independente dos Médicos, que insiste na necessidade de uma clarificação da norma. Já esta semana, a diretora-geral da Saúde disse que a alta é uma decisão clínica e que a alteração é justificada pelo facto de haver agora o conhecimento de que após dez dias e sem sintomas nos casos ligeiros, o teste pode acusar positivo, mas as partículas dos vírus não são infecciosas.