Empresas espanholas de transporte de passageiros “conquistam” Grande Porto

Empresas espanholas de transporte de passageiros “conquistam” Grande Porto


Os operadores espanhóis de transporte de passageiros aproveitaram as condições previstas no caderno de encargos do concurso público para “expulsarem” as empresas portuguesas da região do Grande Porto. “Estão em causa a falência de várias empresas históricas e o despedimento de duas mil pessoas”, dizem os empresários do setor.


As empresas de transporte rodoviário de passageiros que operam no Grande Porto estão em risco de perder os contratos que detêm há várias décadas na região para as mãos de empresas espanholas. Em causa estão os resultados preliminares do concurso lançado pela Área Metropolitana do Porto (AMP) para a concessão do transporte rodoviário nos próximos sete anos.

No processo participaram 41 empresas, mas os resultados já divulgados – disponíveis na plataforma Vortal – indicam que foram as espanholas Asla e Vectalia a apresentar as propostas mais vantajosas para os cinco lotes disponíveis (Matosinhos/Gondomar; Valongo; Paredes, Vila do Conde e Póvoa de Varzim/Gaia; e Espinho/restantes concelhos da AMP). E embora as regras do concurso até assegurem que uma empresa não pode deter mais que um dos lotes, nenhum operador português conseguiu ser suficientemente competitivo nesta fase e os concorrentes classificados nas posições seguintes também são oriundos do país vizinho.

A confirmar-se este cenário, as empresas locais do setor – já muito afetadas pela crise resultante da pandemia – estão em risco de fechar portas, empurrando para o desemprego cerca de dois mil trabalhadores.

Empresários “culpam” AMP

Para se superiorizarem, os operadores espanhóis terão apresentado um preço de serviço de 1,10 euros por quilómetro, muito abaixo – e incomportável para os operadores portugueses – do valor de referência de 1,70 euros. É precisamente o facto de não conseguirem (ou poderem) chegar a este patamar, face às despesas fixas que têm de suportar, que está a causar a indignação dos empresários locais, que responsabilizam a AMP por não ter salvaguardado este desfecho no caderno de encargos do concurso – não incluindo a obrigatoriedade de os operadores manterem determinados níveis de salário ou de experiência, o caderno de encargos do concurso da AMP abriu a janela de oportunidade para que as empresas espanholas pudessem recorrer, em tempos de crise, a trabalhadores com ordenados mais baixos, reduzindo desta forma os custos da sua operação.

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