O empresário Humberto Pedrosa decidiu abdicar, de forma «temporária», do cargo de presidente do conselho de administração da TAP – enquanto o seu filho, David Pedrosa, saiu do cargo de vogal (e de administrador executivo) -, na véspera de o Estado ter formalizado o acordo, anunciado a 2 de julho, para a aquisição da participação social da empresa que ainda pertencia ao acionista privado David Neeleman (através do consórcio Atlantic Gateway). O Estado paga 55 milhões de euros a Neeleman, passando a deter 72,5% da companhia aérea. Humberto Pedrosa, parceiro de Neeleman na ‘aventura’ Atlantic Gateway (que o empresário de dupla nacionalidade brasileira e norte-americana controlava), fica com uma participação direta de 22,5% na empresa. Os restantes 5% mantêm-se, como até aqui, divididos por trabalhadores da TAP.
E foi precisamente esta alteração societária que levou Humberto Pedrosa e o seu filho a abdicarem de todos os cargos que ocupavam na transportadora. Em causa, está o estatuto de gestor público que obriga ao cumprimento de um conjunto de critérios, e poderia, eventualmente, representar limitações que colidiam com as funções que Humberto e David Pedrosa desempenham no grupo Barraqueiro, que controlam. Pedrosa temeu, inclusive, que a sua relação com o Estado na TAP pudesse, a partir daqui, impedir que o grupo Barraqueiro continuasse a ser elegível para concursos públicos, apurou o SOL.