Não ganharemos à Grécia. Nunca ganharemos à Grécia aquela final negra da Luz.
Por mais que a seleção nacional ganhe Campeonatos da Europa, como o de 2016, esse jogo está irremediavelmente perdido. Sem remissão.
Ai, se Lisboa soubesse…
Ai, se o país inteiro soubesse como iria acabar a sua farra…
Por isso o melhor é falar já sobre esse momento primordial de tristeza. A alegria do povo afogada na noite da Luz. E como Portugal andava feliz, amigos meus! Nas ruas, nas casas de bandeiras penduradas às janelas, nos autocarros e nas filas imensas de automóveis que estalavam sob o sol impaciente do fim da primavera princípio do verão. Sinos cantam nos campanários das igrejas.
Vou já despachar este assunto ingrato, incomodativo, que ainda mexe com todos nós passados dezasseis anos sobre esse 4 de Julho em que o sorriso português começou a morrer.
Bebiam-se cervejas nas esplanadas enganando a inclemência da canícula. Preparava-se a festa de todas as festas. O dia mais bonito da história do futebol português! Há romarias pelas alamedas. Cachecóis vermelhos e verdes; camisolas encarnadas berrantes de otimismo. “Oh inclemência! Oh martírio! Estará porventura periclitante a saúde desse nobre e querido menino que eu ajudei a criar?”, suspiraria o velho Seixas n’O Pai Tirano ou o Último dos Almeidas. Esse menino que todos – cada um à sua maneira – ajudaram a criar desde a tarde de 12 de Junho, no Porto, era um Portugal de esperança ao qual só faltavam 90 minutos (ou 120, quem sabe?) para se apropriar da Taça Henri Delaunay, um bonito troféu de prata esterlina com um plinto de mármore e cerca de oito quilos de peso.
Eu sei! Vi-a. Toquei-lhe. Também tive os meus segundos de sonho em que a receberia nos braços como uma menina brilhante e recém-nascida sentindo-a igualmente um pouco minha, por muito poucochinho que fosse.
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