A pandemia virou o mundo da aviação do avesso: os aviões deixaram de cruzar os céus e mantêm-se retidos no solo por tempo indeterminado. A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA na sigla inglesa) prevê que o tráfego aéreo na União Europeia diminua este verão até 50% em julho e agosto, face a 2019. Enquanto os planos de voo não regressam à normalidade, as máquinas que permitiram ao homem alcançar o sonho de ter asas repousam nos hangares lotados, mas também ao longo das línguas de cimento das pistas dos aeroportos, um pouco por todo o mundo.
Porém, ao contrário do que se possa pensar, uma aeronave obriga a cuidados permanentes e constantes. Mesmo neste contexto. Ou, melhor dizendo, sobretudo neste contexto. As companhias aéreas passaram a enfrentar um desafio imprevisível e de elevado grau de exigência: o de garantir a proteção, conservação e manutenção de frotas inteiras não para voar – o habitat natural de qualquer avião –, mas totalmente imobilizadas, sem prazo que sirva de guia.
A frota da TAP, constituída por 105 aeronaves (Airbus, Embraer e ATR), encontra-se estacionada desde finais de março nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Beja (os maiores de Portugal continental). Embora sem certezas, os responsáveis pela companhia aérea nacional optaram, na esmagadora maioria dos casos, pelo processo de estacionamento dos aviões, e não de armazenamento. Na prática, esta estratégia inclui um conjunto de procedimentos que asseguram a proteção e a preservação do avião, mantendo todos os sistemas operativos aptos, permitindo desta forma que a retoma da atividade das aeronaves possa ser feita, logo que possível, de forma mais simples, evitando tarefas complexas e demoradas. Os aviões da TAP estão, assim, preparados para voar a qualquer momento (sem necessidade de períodos de despreservação alargados).
Operação contínua
Esta opção impôs às equipas de manutenção um plano de trabalho ininterrupto ao longo destes três meses: sete dias por semana, 24 horas por dia. Para o garantir, dezenas de técnicos têm vindo a cumprir diariamente com os processos delineados pelos fabricantes e pelo regulador em relação aos aviões em terra, estacionados em Lisboa, Porto e Faro.
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