Mário Torres. Os sinos da velha Cabra ainda choram por ti

Mário Torres. Os sinos da velha Cabra ainda choram por ti


Morreu esta semana um cavalheiro. Figura máxima da Académica, personagem incomparável do futebol português. Ninguém o esquecerá.


Huambo: no tempo de Angola colónia, chamavam-lhe Nova Lisboa. No dia em que Mário Torres nasceu – 13 de setembro de 1931 – ainda era Nova Lisboa. Mário Torres: a tremenda dimensão de um nome. Aqueles que vieram muito depois dos da minha geração talvez o ignorem por completo. E há lá maior injustiça que esquecer Torres, Mário Torres, o enorme capitão e defesa central da Académica. Eu consigo ouvir, à distância de centenas de quilómetros, o choro da velha Cabra. Não é de admirar. O Zeca Afonso sabia-o e cantava-o: “Quando um estudante morre/ Os sinos tocam assim”.

Chegou a Coimbra em 1949. Mais um jovem africano encantado com uma terra portuguesa onde a liberdade parecia teimar em não se vergar jamais aos verdugos do regime. Quer ser médico, mas joga futebol, ainda nos juniores, e pratica atletismo. Tudo nele é vida e vontade de a viver.