Da varanda sobre o Sado à varanda da Rua do Norte, ao Bairro Alto, Restaurante Calcutá, a minha casa da Índia em Lisboa. Toda a gente sabe que na Rua do Norte só sopra o vento sul.
É essa a ordem que os edifícios ergueram quando foram construídos. Do mundo de gente simples e extravagante à mistura, aos milhares, nada resta. Olho os beirais das casas e noto a falta dos pássaros. Já não exigia andorinhas e mergulhões ou patos-bravos, como em Alcácer.
Mas ao menos uma pomba, uma daquelas pombas que caíam volta e meia no empedrado, acabadas de morrer com aquelas doenças que as pombas costumam ter. Portas fechadas: restaurantes, lojas de quinquilharia barata para enganar turistas com camisolas do Ronaldo de contrafação e sardinhas de louça pintadas às cores, bares mortos, casas de fado entregues a um destino de vozes sem eco. Não há sequer uma velhota coscuvilheira dependurada numa janela à espera da conversa da vizinha. Não há nada para coscuvilhar nesta ressaca branca a que chamamos a nova realidade.
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