Todos os dias, a pouco e pouco, vamos retirando da maçaneta da alma o aviso que dizia “Volto já!”, como se regressássemos de um almoço tardio e voltássemos a abrir a porta da pensão da vida. Assim, de repente, lembrei-me de um episódio de um dos livros de Dino Segrè, que conhecemos pelo pseudónimo de Pitigrilli. Adolph Hitler visita um hospital de malucos no qual estão internados quatro doidos furiosos que se julgam Hitler. Falam como o Führer, cumprimentam-se com aquele gesto meio afeminado de levantar a mão, ameaçam inundar o mundo com as suas Panzerdivisionen. O diretor do manicómio introduz Adolph na cela acolchoada onde estão fechados os quatro Hitlers, tão parecidos com o verdadeiro que, um quarto de hora depois, quando abre a porta de saída ao visitante ilustre, o nosso diretor, acompanhado por médicos e guardas, não faz ideia de qual é o Hitler autêntico e quais são as imitações. Então toma a decisão: agarra um ao acaso, leva-o até ao automóvel flanqueado por motociclistas fardados e devolve-o ao comando do povo alemão.
Leia a opinião completa na edição impressa do jornal i. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.