Refeições. “As pessoas sentem mais dificuldade e acabam por pedir à escola”

Refeições. “As pessoas sentem mais dificuldade e acabam por pedir à escola”


Escolas Mães d’Água é um dos nove agrupamentos do concelho da Amadora que, todos os dias, confeciona refeições para os alunos mais necessitados. Desde o início do confinamento até agora, o número de pedidos quase triplicou.


Encostado ao carro que estacionou em frente ao portão do agrupamento de escolas que os seus três filhos e um neto frequentam, Carlos Silva espera que um auxiliar de ação educativa lhe devolva o saco que trouxe de casa.

Há três semanas que, à medida que os ponteiros se vão aproximando da hora de almoço, sai de casa em direção à Escola Secundária Mães d’Água – onde continuam a ser confecionadas refeições para os alunos mais carenciados. “Os professores ligaram-me a perguntar se queria, e eu disse ‘sim, claro’”, explica Carlos Silva.

Mas o pai e avô de quatro dos 930 alunos que frequentam o agrupamento de Escolas Mães d’Água confessa que, apesar de não ter duvidado de que “precisava mesmo” destas refeições para as crianças, a vergonha ainda o deixou indeciso na primeira semana.

Apesar de já ter ultrapassado essa “barreira”, conta que, enquanto espera pelo almoço das crianças, vão passando por si pessoas que ainda a não ultrapassaram. “Se me doer um braço e eu não disser ao meu médico, ele não vai saber que me dói”, explica Carlos Silva.

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