Aulas pela ‘net’ invadidas por hackers. Professores já tinham alertado para este perigo

Aulas pela ‘net’ invadidas por hackers. Professores já tinham alertado para este perigo


Presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior admite ao SOL perigo para a “integridade académica” e lamenta que docentes estejam a ser tão pressionados para recorrer a estas plataformas de videoconferência.


Plataformas como Zoom, Colibri e Moodle estão a ser utilizadas por professores, do ensino secundário e superior, para darem aulas à distância, fazendo face às medidas de contenção da covid-19, que levaram ao encerramento dos estabelecimentos educativos.

Os programas permitem aos alunos e docentes estarem mais próximos, mas levantam sérios problemas de segurança.

Recentemente, um grupo de hackers, que dá pelo nome de RedLive13, conseguiu aceder às credenciais de acesso de várias aulas, boicotando-as e tornando impossível o normal funcionamento. Mais tarde publicaram os vídeos no YouTube, tendo a maior parte sido já removida.

Ao SOL, o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, Gonçalo Leite Velho, considera que se tratou de uma confirmação dos alertas já manifestados à comunidade educativa e também à tutela.

O também docente universitário confirma que tiveram conhecimento dos vídeos de ‘boicote’ entre quinta e sexta-feira e mostrou-se verdadeiramente preocupado com a situação da falta de segurança em que ocorre esta prática, agora “massificada”, do ensino à distância.

Gonçalo Leite Velho admite mesmo que a “integridade académica” pode estar em risco, lembrando que os professores “estão ser pressionados” para utilizarem as plataformas, nas quais usam credenciais institucionais, que podem ser acedidas indevidamente por outros.

Para o presidente do sindicato, um dos maiores problemas, que é preciso acautelar no futuro, é a avaliação de exames e testes externos, cujos dados podem ficar à mercê de terceiros.

“A tecnologia também tem os seus limites”, defende ao SOL, acrescentando que não pode haver uma “confiança excessiva no ensino à distância” e que os professores, muitas vezes a usarem as plataformas pela primeira vez, não podem ser tão pressionados para recorrer a elas. “É necessário evitar os voluntarismos”, apela.

Por outro lado, Gonçalo Leite Velho não nega os méritos do ensino à distância, mas sublinha que se antes se recorria de forma pontual agora está a ser usado massivamente como principal veículo educacional, o que aumenta também o interesse dos hackers.

É por isso importante adotar boas práticas de segurança digital. Aliás, depois de vários alertas, o Centro Nacional de Cibersegurança e a Comissão Nacional de Proteção de Dados emitiram uma série de orientações para a utilização segura das plataformas mais utilizadas.