Ideias que fazem as redes sociais ganharem mais sentido em tempo de pandemia

Ideias que fazem as redes sociais ganharem mais sentido em tempo de pandemia


Além de manterem as pessoas conectadas, as redes sociais reinventam e ajudam a criar projetos durante as crises – desde aulas online a projetos que ajudam alunos sem computadores ou acesso à internet.


Há dezenas de projetos que surgem em tempos de pandemia e outros que se reinventam. Quem está em casa, acaba por construir a sua agenda de acordo com as redes sociais – seja um concerto online, ou uma inscrição para ajudar o vizinho que não pode sair de casa e precisa de ir às compras. E, é “nestes momentos que a população se reúne, criando iniciativas e projetos inovadores”, refere o Facebook. Além disso, “os Grupos, Páginas e Eventos do Facebook são algumas das ferramentas que ajudam a manter as pessoas conectadas”. 
A empresa fundada por Mark Zuckeberg mapeou as iniciativas mais interessantes e, sobretudo, aquelas que marcam a comunidade online em Portugal. Uma visita guiada a um museu, aprender latim, ouvir histórias infantis ou poemas, ajudar os vizinhos que não podem sair de casa para fazer compras ou conseguir fazer exercício físico na sala – são alguns exemplos. Os projetos multiplicam-se e o mais difícil será escolher. 
Limitar a desinformação A quantidade de notícias falsas que circulam na internet leva as pessoas a acreditar em teorias da conspiração sobre o novo coronavírus ou em informação falsa. E toda a gente tinha alguém que ligava a dar uma notícia que vira no Facebook. Exemplo disso, diz esta rede social, são “curas falsas ou métodos de prevenção, informações falsas destinadas a desencorajar o tratamento, informações falsas sobre a prevenção da transmissão do vírus, e informações falsas sobre disponibilidade de assistência médica”. Partilhar estes falsos conteúdos poderia ser uma forma de diminuir o correto tratamento da doença ou exponenciar a contaminação.
Para acabar com isso, o Facebook removeu todo o conteúdo relacionado com as tais teorias da conspiração “que foram desacreditadas pela Organização Mundial da Saúde ou por outros especialistas em saúde e que podem causar danos”, esclareceu já a empresa em comunicado. Se, por exemplo, um grupo espalhar notícias falsas, o Facebook deixa de sugerir aos utilizadores para que se juntem ao grupo. 
Também as publicidades sobre produtos relacionados com o coronavírus passaram a ser proibidas. Foram banidos “os anúncios que se referem ao coronavírus com a intenção de criar pânico ou sugerir que os seus produtos garantem uma cura ou impedem as pessoas de contrair o vírus”. A venda de máscaras cirúrgicas foi também proibida.

Solidariedade. Das máscaras às compras para o vizinho 

Movimento tech4COVID19 conta já com 20 projetos de solidariedade.

 A palavra solidariedade ganhou um novo sentido durante a pandemia. Num momento em que é preciso estar em casa, é também necessário pensar de que forma é que os outros estão em casa e em que condições. Exemplo disso, é o projeto “Student Keep”, um dos 20 projetos do Movimento tech4COVID19. Um grupo da comunidade científica uniu-se e, especificamente no projeto “Student Keep”, o objetivo é perceber quais os alunos que não têm computador em casa – e, por isso, estão impedidos de fazer os trabalhos da escola ou de acompanhar as aulas online – e encontrar pessoas que queiram ajudar. “Para assegurar que o material chega a quem mais precisa, a plataforma reúne as informações sobre os alunos que precisam e os padrinhos que podem ajudar. Adicionalmente, garante também a entrega ou empréstimo do material angariado, quer diretamente, quer por intermédio de entidades públicas locais que assegurem a mediação”, refere este movimento na sua página de Facebook. Qualquer pessoa pode ajudar – basta ter o material de que o aluno precisa.  
O Movimento tech4COVID19 já conta com duas dezenas de projetos e, entre todo o trabalho, na semana passada entregou mais de 135 mil luvas, oito mil máscaras e 14 mil cobre botas aos profissionais de saúde. No dia 2 de abril, o movimento conseguiu angariar cerca de 200 mil euros para doar ao Serviço Nacional de Saúde. Também porque é necessário muito cuidado na hora de sair de casa, para ir às compras, por exemplo, existe a aplicação “Posso ir?”, que permite perceber se os estabelecimentos têm fila. Esta aplicação é atualizada pelos próprios utilizadores. 
Para aqueles que podem sair de casa, porque não fazem parte de nenhum dos grupos de risco, e querem ajudar quem não pode ir às compras ou à farmácia, há também muitas opções nas redes sociais – os vizinhos vão às compras e entregam em casa. As plataformas “Vizinho Amigo”, “SOS Vizinho”, ou “Vizinhos de Aveiro” fazem a organização e sinalização das pessoas que precisam e daquelas que estão disponíveis.
De Arcos de Valdevez surge o projeto “EPI Covid19 voluntariado Alto Minho”. Um grupo de voluntários estão a produzir diariamente 500 viseiras por dia e ontem deram mais um passo: “Estando as instituições do distrito praticamente todas servidas de viseiras, avançamos paralelamente com a prototipagem das máscaras, para responder ao apelo da OMS, que incentiva ao uso generalizado de máscaras pela população”, escreveram na sua página do Facebook.

Cultura. ‘A arte é uma ponte que nos une’ 

A leitura de poemas ou de textos é uma das opções mais comuns nas redes sociais

Teatros, cinemas, museus, concertos – o mundo da cultura perdeu o seu espaço físico, mas não perdeu espaço. Os profissionais e a sua indústria encontraram novas formas de continuar a fazer arte e talvez seja este momento em que é preciso parar e pensar que, em casa, com ou sem teletrabalho, aquilo que mais se procura e se consome é arte. Na lista de projetos inovadores do Facebook surge o Museu Nacional de Arte Antiga, com o lema “Apesar da distância, a arte é uma ponte que nos une”. Todos os dias, às 15h30, o Museu Nacional de Arte Antiga transmite visitas guiadas, através do Facebook e do Youtube, onde é possível ver as suas obras mais icónicas. 
A Culturgest quis também levar “o mundo a casa” e a programação está disponível até ao final de maio. Esta quinta-feira, o coreografo e bailarino Steve Paxton dá uma conferência online através do Facebook. 
E a literatura não fica atrás. A rede social com mais utilizadores do mundo escolheu como projeto inovador o “Bode Inspiratório”, onde 40 escritores e artistas plásticos escrevem um capítulo por dia. De Coimbra chega “uma produção para redes sociais em tempos de isolamento” da Bonifrates Cooperativa e todos os dias são recitados poemas – desde Álvaro de Campos a David Mourão-Ferreira.
Para os que querem conhecer mundos novos, o professor Frederico Lourenço decidiu criar a página “Latim do zero”. Escritor e professor universitário, Frederico Lourenço ensina latim e os alunos multiplicam os elogios nas caixas de comentários. 
Noutras redes sociais, como o Instagram, são vários os artistas musicais que optam por dar concertos em direto. Este fim de semana, o Festival Iminente entrou na festa e quis também angariar fundos para o Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central e para o Hospital Universitário de São João.

Crianças. ‘Uma história por dia não sabe o bem que lhe fazia’

Oceanário de Lisboa convida os mais novos a entrarem no mar se saírem de casa 

Sem data definida para voltar a brincar na rua, ou para passear, é difícil manter os mais novos ocupados durante tanto tempo. As brincadeiras repetem-se, aumenta o aborrecimento e a paciência dos pais tende a diminuir. Mas é também para isto que servem as redes sociais – dar ideias. O Oceanário de Lisboa está a convidar as crianças a divertirem-se no mar sem sair de casa. Durante as férias da Páscoa, basta ir até ao Facebook e ver a lista de atividades propostas no âmbito do projeto “Férias debaixo de água”. Ontem, por exemplo, o Oceanário de Lisboa propôs aos mais novos que imaginassem que estavam numa expedição para descobrir novas espécies. Depois de vestirem a pele de um biólogo marinho, só tinham de desenhar as cinco espécies que descobriram. “Descobre outras espécies, inventa um nome e tira-lhes os melhores retratos” é o desafio lançado para que a imaginação não fique sentada no sofá. 
Para que ninguém se esqueça da importância da literatura, a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo tem publicado diariamente vídeos de leitura de histórias infantis com o mote “uma história de cada vez”. 
As bibliotecas municipais de Lisboa, além de partilharem nas redes sociais, todos os dias, vídeos com histórias para os mais novos, lançam também o desafio para que façam desenhos sobre as histórias. “Uma história por dia, não sabe o bem que lhe fazia”, diz a rede de bibliotecas de Lisboa. E a interação também faz parte do dia-a-dia: “Queremos publicar na nossa página de Facebook uma foto do seu cantinho de leitura preferido com o livro que anda a ler. Pode ser na cozinha quando está a fazer o seu bolo preferido, na sala em modo relaxante no sofá ou até no WC onde a leitura pode ser muito variada”.
Na mesma onda, mas diretamente da Suíça, a portuguesa Mariana Mendes faz também leituras de histórias com “as leituras da Mariana”. 

Desporto. Para todos em todo o lado

Vídeos com exercícios para quem está em casa, ou apenas planos de treino diários são opções om ginásios fechados, as opções para fazer exercício ficam reduzidas. Mas não é impossível. A Universidade do Minho criou a página “UMinho Sports” e, todas as semanas, há aulas online, planos de treino e dicas de exercícios que podem ser feitos em casa. Hoje, além de ficar disponível um plano de treino funcional, há também ginástica laboral. Amanhã há aula de pilates. 
Já o Centro de Desporto da Universidade do Porto decidiu partilhar também aulas de ioga e de musculação. E há também receitas saudáveis e exercícios para os mais novos.
O Conselho Nacional de Associações de Profissionais de Educação Física e Desporto, através do Facebook, do Youtube e do seu site, tem incentivado as famílias a fazerem desporto. O objetivo é que gravem os momentos e depois partilhem com a comunidade. 
Ontem, a propósito do Dia Mundial da Atividade Física, o Instituto Português do Desporto e da Juventude quis criar um “cordão humano virtual” e vários desportistas – como Telma Monteiro ou Vítor Baía – foram convidados a partilhar os seus treinos nas redes sociais para mostrarem que em casa também se pode fazer desporto.
Os ginásios também estão a reinventar-se e, nas últimas semanas, os personal trainers têm dado aulas virtuais aos clientes e a quem se quiser juntar. Basta ir até uma das redes sociais – Facebook ou Instagram – e são muitos os ginásios que já aderiram, uma vez que os profissionais também estão em casa.