Chicão pode ser perigoso? Por que carga de água?


Tudo me separa de Francisco Rodrigues dos Santos no que aos costumes diz respeito, já que sou a favor da legalização do aborto, das drogas, da prostituição, da eutanásia e por aí fora. Mas por pensar de maneira diferente vou dizer que o Chicão, como é conhecido, é um perigo para a democracia? 


A eleição do novo presidente do CDS permitiu assistir a verdadeiras pérolas na televisão. Sendo o partido assumidamente defensor de valores conservadores, era expetável que os candidatos apresentassem as suas ideias nesse quadrante político. Qual não foi o espanto quando oiço alguns comentadores dizerem que Francisco Rodrigues dos Santos pode ser perigoso para a democracia. Na verdade, a futebolização chegou aos comentários e, à semelhança do que se passa com os programas desportivos, os convidados das televisões deviam dizer qual a sua cor política, pois começa a tornar-se caricato a defesa da sua dama e o ataque à cor diferente.

Tudo me separa de Francisco Rodrigues dos Santos no que aos costumes diz respeito, já que sou a favor da legalização do aborto, das drogas, da prostituição, da eutanásia e por aí fora. Mas por pensar de maneira diferente vou dizer que o Chicão, como é conhecido, é um perigo para a democracia? Será que agora os pensadores televisivos, transformados em gurus, acham que só se pode pensar de determinada maneira? Como não estou a comentar as eleições do CDS – quais as propostas mais interessantes, as mais bizarras, quem ganhou e quem perdeu, etc. – acho que o partido deu um mau sinal, com uma juventude ávida de protagonismo a revelar pouca cultura democrática. O melhor exemplo foi dado quando António Pires de Lima discursou e foi vaiado. Se são meninos riquinhos ou pobres, pouco me importa. Um partido tem de ter espaço para opiniões contrárias e há que respeitá-las.

Outro dado curioso, sempre que há eleições dos centristas, é que a indumentária é muito comentada, neste caso, mais nas redes sociais. O mesmo não acontece quando em causa está um partido de esquerda ou de extrema-esquerda. As pessoas, regra geral, têm muita dificuldade em aceitar quem é diferente. Quando, no fundo, os jovens centristas não são muito diferentes dos bloquistas ou comunistas. Ambas usam uma espécie de farda e não acham muita piada a quem é diferente. São clubes e usam os respetivos equipamentos.