Os militantes do PSD participam pela nona vez num processo eleitoral de eleições diretas para escolher o seu presidente, com a hipótese de, pela primeira vez, o resultado obrigar a uma segunda volta. Se nenhum dos três candidatos – Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz – obtiver 50% dos votos mais um, terá de haver uma segunda volta.
A campanha durou dois meses, sensivelmente, não teve muitos casos, à exceção do processo de pagamento de quotas, com algumas queixas no conselho de Jurisdição Nacional. Ao todo, estão aptos a votar 40430 militantes e haverá uma mesa de voto, pelo menos, em cada concelhia do PSD, entre as 14 horas e as 20 horas desde sábado.
Os prognósticos eleitorais apontam para um resultado que pode ser renhido e está tudo aberto. O balanço de campanha pode ser feito a dois ritmos. Dois candidatos – Montenegro e Pinto Luz – percorreram o país de forma mais visível, nalguns casos foram ao mesmo distrito mais de uma vez, enquanto Rio deu uma volta mais discreta, ainda que tenha dado a volta ao País.
A campanha só teve um debate (na RTP), não houve propriamente uma guerra por causa da falta de debates e a discussão baseou-se na forma de fazer oposição, no cenário de eventuais coligações e de quem é verdadeiramente o adversário do PSD.
O registo das últimas semanas passou por promessas de unir o partido ou de contar com todos, como foi o caso de Montenegro e Pinto Luz, ou então, de se fazer o discurso de que é preciso um líder do PSD, com um projeto a pensar no País. Esta foi a versão usada na estratégia de candidatura de Rui Rio.
Apesar das convicções de vitória, sobretudo na equipa de Rio e de Montenegro, não é possível antecipar quem será o vencedor. Mesmo com alinhamentos de dirigentes locais e distritais, entre as várias candidaturas, não é líquido que tais apoios sejam sempre um sinónimo de vitória. Pode haver surpresas e, no caso do atual líder do PSD, a estratégia de campanha valorizou o chamado ‘voto livre’ dos militantes. Que já conhecem como funciona o presidente do partido e o que pensa sobre o papel do PSD.
Já Luís Montenegro desdobrou-se em contactos com militantes, tal como Pinto Luz, ouviu militantes e não se cansou de tentar passar a ideia de que o PSD precisa de voltar às bases e de ser um partido “à Cavaco [Silva]”, acenando com a promessa de lutar por maiorias absolutas e vitórias nas autárquicas já no próximo ano.
Também Pinto Luz apareceu a defender um novo contrato social e um PSD “reformista” que não é “muleta do PS”.
No único debate televisivo surgiram críticas de guerrilha interna por parte de Rio e acusações de que os seus adversários tinham ligações à maçonaria. Ambos negaram-no.
O pagamento de quotas dos militantes também acabou por ser notícia, pelas dificuldades em atualizar dados (devido à burocracia solicitada), e críticas de Luís Montenegro a pagamentos em massa nos últimos dois dias antes de fechar o prazo para se pagar a quota. No fim, todos desejaram que o processo seja transparente, mas os candidatos já sabem que a Madeira terá um problema. Só estão validados 104 militantes aptos a votar, mas o PSD/Madeira diz que são 2500, incluindo toda a cúpula da estrutura regional. Irão votar e, no fim, o voto de quem não faz parte da lista dos 104, não contará. Será nulo. A bola, nesta fase, passará para o Conselho de Jurisdição Nacional, que anunciará os resultados.