Raúl de Tomás (RDT) chegou ao Benfica em julho último com o rótulo de avançado-promessa, goleador nato e, por isso, homem certo para agitar a frente de ataque encarnada. Foram, aliás, esses os motivos que levaram os encarnados a pagar 20 milhões de euros ao Real Madrid pelo passe do jogador espanhol, tornando-o à data a segunda contratação mais cara de sempre do clube da Luz (agora, a par do alemão Julian Weigl). A transferência sonante agitou os adeptos encarnados mas, seis meses depois, o jogador dá oficialmente entrada na lista das contratações falhadas. Apenas 17 jogos depois e só com três golos de águia ao peito, o futebolista de 25 anos não conseguiu vingar na equipa treinada por Bruno Lage, tendo sido o próprio a mostrar vontade de deixar o futebol português.
De Tomás prepara-se agora para regressar ao campeonato vizinho, depois de ter acertado a sua saída, a título definitivo, para o Espanhol, que paga 20 milhões de euros (mais 2 milhões por objetivos) pelo jogador, recuperando assim o Benfica o investimento feito. De resto, a Benfica SAD terá ainda direito a receber 20% do valor de uma mais-valia obtida numa futura transferência do referido jogador.
O avançado realizou ontem, em Barcelona, os habituais exames médicos e foi durante esta manhã anunciado como novo reforço do emblema catalão. De notar que o Espanhol ocupa o último lugar na tabela de La Liga, com apenas 11 pontos em 19 jogos (soma 12 derrotas contra apenas duas vitórias).
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Contratações falhadas? Sim. Negócios ruinosos? Não. O exemplo de Raúl de Tomás está, porém, longe de ser caso único em Portugal. Olhando aos três principais clubes portugueses, são vários os exemplos de nomes que deram que falar mas que, entretanto, deixaram a desejar. No que respeita ao tema, o Benfica parece ser, ainda assim, o emblema que conta com o maior número de contratações falhadas – embora, note-se, consiga quase sempre recuperar o valor investido (e, nalguns casos, até mais). Recentemente deram-se, por exemplo, os casos de Facundo Ferreyra e Nicolás Castillo. Oargentino também chegou ao Benfica rotulado de goleador, com a SAD encarnada a investir quatro milhões de euros na sua contratação, mas a desilusão acabou por empurrá-lo para os catalães do… Espanhol, onde está ainda a título de empréstimo. Já o chileno, comprado ao Pumas, custou quase 8 milhões de euros ao Benfica, mas nem chegou a ser segunda opção na era de Rui Vitória. Foi, contudo, vendido entretanto ao América por praticamente a mesma quantia. Casos semelhantes são os de Luka Jovic (comprado ao Apollon Limassol por 6,6 milhões de euros e vendido ao Eintracht Frankfurt por 7 milhões) ou Bryan Cristante (comprado ao AC Milan por 5,2 milhões de euros e vendido depois à AS Roma por 5 milhões). Com valores mais baixos mas, ainda assim, nesta categoria podem também ser encontrados Medhi Carcela (comprado ao St. Liège por 2,5 milhões de euros e vendido ao Granada por 4,5 milhões); Alan Kardec (comprado ao Vasco da Gama por 2,5 milhões de euros e vendido ao São Paulo por 4,5), Loris Benito (comprado ao Zurique por 3 milhões de euros e vendido ao Young Boys pela mesma quantia) ou Funes Mori (comprado ao River Plate por 2 milhões de euros e vendido ao Monterrey por 3,6). Destaque também para o caso de Raúl Jiménez que, apesar de ainda hoje ser o jogador mais caro da história do Benfica – custou 22 milhões de euros ao Atlético Madrid em 2015 –, nunca conseguiu ser titular indiscutível. O mexicano foi, no verão passado, para o Wolverhampton, num negócio que custou aos ingleses 38 milhões de euros, estando agora a ser apontado ao Manchester United.
Já em 2011 deu-se o ainda hoje famoso caso do guarda-redes Roberto. O espanhol foi contratado pelo Benfica ao Atlético Madrid no início da temporada 2010/11, custando 8,5 milhões de euros, montante que o tornou o guarda-redes mais caro da história do clube. Depois de uma época de estreia desastrosa, Roberto regressou ao Saragoça por 8,6 milhões de euros – num negócio que fez correr muita tinta devido aos vários intervenientes.
No reino do dragão, atualmente, Loum e Renzo Saravia são dois dos jogadores que continuam sem dar retorno ao investimento feito pelo FC Porto. O médio senegalês custou 7,5 milhões de euros aos azuis-e-brancos, que pagaram ao Sp. Braga após terem ficado cumpridos os seis meses de empréstimo. O jogador de 22 anos teve poucas oportunidades na época transata e continua com pouca utilização no plantel de Sérgio Conceição. Já o defesa, de 26 anos, custou 5,5 milhões de euros no último defeso, mas continua sem espaço na equipa azul-e-branca. O lateral soma apenas quatro jogos (um golo). Ainda assim, e tendo em conta as variantes preço-qualidade, Giannelli Imbula continua no topo desta lista. No verão de 2015, o FC Porto fez do médio francês a contratação mais cara de sempre do clube, pagando 20 milhões de euros ao Marselha – mas, à semelhança de RDT, acabou transferido para os ingleses do Stoke City em janeiro de 2016 por quase 25 milhões de euros.
No Sporting, os casos estão longe de ter esta dimensão se tivermos desde logo em conta que Bas Dost continua a ser a contratação mais cara de sempre do clube de Alvalade: custou quase 12 milhões de euros aos alemães do Wolfsburgo, tendo o holandês cumprido com as expetativas. Como tal, e tendo em conta os exemplos mais recentes, a contratação menos conseguida terá sido a do guarda-redes Viviano, que custou 2 milhões de euros e fez um jogo na pré-época. Entretanto o italiano lesionou-se, mas depois nunca mais voltou à baliza dos leões.
Recorde-se, todavia, que o jogador, de 33 anos, chegou no verão de 2018, ainda no mandato de Bruno de Carvalho.