O único ponto favorável aos transportes da Área Metropolitana de Lisboa (AML) é o preço dos novos passes, que começaram a ser vendidos em abril deste ano, dizem os utilizadores. “É uma coisa muito boa e que nós temos de aproveitar. Antes, eu pagava 59 euros só por apanhar um autocarro fora de Lisboa e agora pago 40 euros”, referiu ao i Conceição Figueiredo. “O problema é que começam a construir a casa pelo telhado”, diz outro utilizador, referindo-se aos problemas que são comuns aos transportes públicos há anos e que aumentaram com a venda dos novos passes.
Circular dentro da cidade de Lisboa de metro, comboio ou autocarro custa agora 30 euros e andar em toda a Área Metropolitana de Lisboa custa 40 euros – tudo graças ao Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART).
A diminuição dos valores mensais trouxe muita gente para os transportes públicos, sobretudo pessoas que chegam a Lisboa vindas de Mafra, Torres Vedras ou Setúbal.
De acordo com os números avançados pela AML ao i, no período entre abril e setembro foram vendidos 97 900 novos passes. Focando no mês de setembro, durante estes 30 dias foram vendidos 728 129 passes, o que equivale a um aumento de 25,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, em que foram vendidos 576 mil passes.
A AML referiu que se regista “uma tendência crescente na procura do Navegante Família desde a sua entrada em vigor, em agosto de 2019”, acrescentando que “estes dados confirmam a importância da implementação do novo sistema tarifário como medida de incentivo à utilização regular do transporte público”.
Os utilizadores da AML receberam também de braços abertos a nova medida do Navegante Família, em que cada agregado familiar paga no máximo o equivalente a dois passes Navegante – ou seja, 80 euros.
“O meu filho mais velho não utilizava transportes públicos, usava mais o carro, mas, realmente, com esta questão do passe Família, tenho sempre a ganhar em incluí-lo. Realmente justifica-se andarmos todos de transportes públicos”, disse ao i Cristina Oliveira, que todos os dias se desloca até Cascais. Feitas as contas, ao final do mês são menos 102 euros em passes, fora o que gastava em combustível quando o filho usava o carro. Tal como os restantes utilizadores, Cristina Oliveira refere que “o Governo fez estas medidas um pouco ao contrário – primeiro deviam ter precavido esta situação, melhorado as infraestruturas, os equipamentos, e depois dar essa regalia”.