Trabalhar para gerações, não para eleições


Um líder transformador não se agarra ao que já foi e muito menos se deslumbra com o que aí vem. Executa, com coragem e sem medo tático, as políticas com impacto positivo e duradouro na comunidade.


Com a campanha eleitoral a chegar ao fim, os portugueses preparam-se para fazer uma escolha. Não me vou debruçar sobre ela. Os dados estão lançados e este é o tempo de os cidadãos refletirem sobre como o seu voto contribui para a prosperidade do país, a coesão social e a solidariedade entre gerações. À esquerda e à direita, há líderes que personificam esse horizonte de escolhas possíveis. Uns de maior pendor reformista. Outros que se sentem desconfortáveis fora do statu quo.

Essa dualidade de estilos de liderança está também bem patente nos governos locais. Encaro o papel de presidente de câmara como o de um agente de transformação. Alguém que é capaz de respeitar o legado do passado e admirar as possibilidades do futuro no sentido de criar um presente melhor. Um líder transformador não se agarra ao que já foi e muito menos se deslumbra com o que aí vem. Executa, com coragem e sem medo tático, as políticas com impacto positivo e duradouro na comunidade. Governando para gerações, não para eleições.

E por falar em eleições, fez ontem precisamente dois anos que os portugueses escolheram os seus representantes nos governos locais.

Em Cascais, a coligação Viva Cascais, (PSD-CDS) que encabeço, reforçou a sua votação, num claro sinal de confiança do eleitorado no trabalho de colocar o nosso concelho na liderança de vários indicadores de qualidade de vida.

Estes dois anos de mandato são assinalados da melhor maneira possível: não a falar mas a fazer, que é como por aqui nos entendemos. Com políticas que reforçam o nosso Estado social local em diversas áreas.

Na cultura, por exemplo, no último sábado apresentámos o projeto de requalificação do Edifício Cruzeiro. Conhecido por ter sido o primeiro centro comercial do país, o Cruzeiro nasceu em 1947 do arrojo arquitetónico que marcou a identidade do Monte Estoril. Depois de décadas votado ao abandono, depois de alguns anos de uma dura batalha burocrática e administrativa, as obras do Cruzeiro estão prontas para começar. O projeto de requalificação, liderado pelo conceituado arquiteto Miguel Arruda, tem um custo estimado de 7,7 milhões de euros. Quando terminado, o Cruzeiro será a casa da Escola Profissional de Teatro de Cascais e da Cascais School of Arts and Design, terá um novo auditório para 400 pessoas e uma biblioteca que guardará referências de alguns dos mais preciosos patrimónios imateriais de Cascais.

Quando estiver terminado, dentro de dois anos, o Cruzeiro será a grande referência da Vila das Artes. Um novo perímetro cultural dedicado às artes performativas – e que complementa um outro perímetro, o Bairro dos Museus em Cascais, dedicado às artes plásticas.

Na área do conhecimento, da investigação e do ensino superior, dentro em breve apresentaremos um projeto estratégico de longuíssimo alcance que fará de Cascais um dos principais polos universitários do país – com uma capacidade instalada semelhante à de Coimbra.

Mas não começámos a casa pelo telhado. E se hoje temos ensino superior de qualidade, como prova a Nova SBE, que por estes dias comemora o seu primeiro aniversário de grande sucesso em Cascais, há muito tempo que temos apostado nas fundações do ensino em Cascais.

Em apenas dois anos, investimos cerca de 5 milhões de euros na renovação e qualificação de escolas do primeiro ciclo. Se alargarmos o arco de investimento para os últimos dez anos, os jardins-de-infância e escolas de primeiro ciclo de Cascais receberam investimentos na ordem dos 75 milhões de euros – um grande esforço de toda a comunidade para que as nossas crianças tenham todas as condições para conquistar o futuro. Se a educação é o maior elevador social, queremos que ele, em Cascais, funcione sempre da forma mais democrática possível.

Entramos agora numa nova fase de investimento que alargará a nossa intervenção às escolas que, até agora, dependiam exclusivamente da administração central.

Na sequência de um acordo celebrado com o Ministério da Educação, a Câmara de Cascais tem um pacote de 39 milhões de euros para recuperar escolas básicas e secundárias há muito necessitadas de investimento. À cabeça estão a Escola Secundária de Cascais – provisória há 44 anos –, a Básica e Secundária de Santo António, a Secundária Fernando Lopes Graça e muitas outras, que sofrerão profundas melhorias.

Trabalhos que vão demorar anos até estarem finalizados. Mas que, no fim, criarão uma das mais modernas e bem estruturadas redes de ensino público no país.

Volto ao princípio: como trabalhamos para gerações, não para eleições, não me preocupo se o caminho é mais longo ou mais curto. O que importa é chegar ao objetivo.

Qual? Continuar a fazer de Cascais o melhor lugar para viver um dia, uma semana ou uma vida inteira.

Presidente da Câmara de Cascais

Escreve à quarta-feira