O Brasil pôs finalmente 40 mil militares a combater as chamas na Amazónia. Era o que devia ter começado por fazer. Emmanuel Macron apresentou-se como defensor do planeta e a UE aparece dividida na posição a tomar, numa consternação que parece sempre mostrar-se com maior veemência do que quando se trata de enfrentar os atentados ambientais e práticas de exploração intensiva no nosso quintal. A desflorestação da Amazónia não começou nos últimos meses, por mais dramático que seja o momento, por mais que esteja a acelerar e por mais incompreensível que seja a forma como o Presidente brasileiro tem gerido a crise e como olha para os desafios ambientais do planeta. Da mesma forma, as ameaças já existiam quando se chegou ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que agora Tusk diz que carece de sinais mais harmoniosos. Outros interesses falaram mais alto antes da crise? Apagado o fogo e contabilizados os prejuízos (irremediáveis?), saber se a Amazónia e as políticas ambientais internacionais sairão mais fortes é a expectativa. Apesar das correntes de solidariedade, o histórico dos últimos anos não está para grandes otimismos. Sobressalto após sobressalto, o tempo vai escasseando, as reservas naturais do planeta esgotam-se cada ano mais cedo, a concentração de CO2 continua a bater recordes. Com ou sem embargos, cabe também à sociedade exigir mais informação sobre a proveniência dos produtos que consome, mais transparência. Uma reportagem publicada este fim de semana pelo Público, assinada por Fabian Federl, leva-nos a esta Amazónia em risco, torna mais claro o que está em causa. Acompanhou o biólogo Thomas Lovejoy, que estudou o impacto da fragmentação do território na perda de biodiversidade. Cada estrada, cada fazenda, mina o ecossistema de um território vital para o planeta: cerca de 20% do oxigénio de todo o mundo é produzido pela floresta tropical, que armazena 80 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, tanto quanto a humanidade produz numa década, escreve Federl. “O isolamento de um ecossistema é equivalente à radioatividade”, diz a certa altura Lovejoy, que não se cansa de avisar que cada problema da floresta tropical é um problema global. Precisa de todos no mesmo barco.
Salvar a Amazónia, todos
Apesar das correntes de solidariedade, o histórico dos últimos anos não está para grandes otimismos. Sobressalto após sobressalto, o tempo vai escasseando, as reservas naturais do planeta esgotam-se cada ano mais cedo, a concentração de CO2 continua a bater recordes. Com ou sem embargos, cabe também à sociedade exigir mais informação sobre a proveniência dos…