A primeira sessão da fase de instrução do processo relativo ao ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, aconteceu hoje – entre enganos dos serviços prisionais e advogados dos arguidos a pedir novo adiamento do início dos trabalhos. Apesar dos vários contratempos, o juiz Carlos Delca optou por avançar com as diligências.
Foi declarado o caráter “de natureza urgente” do processo, já que o prazo para conclusão da instrução termina no próximo dia 21 de setembro. Carlos Delca assumiu ainda que o pedido de adiamento é “um forma hábil de empatar o tempo”. Até, porque, recorde-se, a fase instrutória já foi adiada duas vezes.
O início da fase de instrução foi interrompido logo de manhã devido a um erro dos serviços prisionais – transportaram os arguidos que estão em prisão preventiva para o Montijo e não para Lisboa. É que o processo está no Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro, mas a fase de instrução vai decorrer no Campus da Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.
Defesa de Bruno de Carvalho
Hoje, a defesa de Bruno de Carvalho teve uma cara diferente. Miguel Fonseca substituiu o advogado José Preto – que queria um julgamento com júri – e não passou despercebido.
O novo advogado queria que a audiência fosse anulada devido à presença dos jornalistas. A esta questão, a procuradora Cândida Vilar opôs-se de imediato, recordando que o antigo presidente do Sporting tem falado regularmente com a comunicação social. Fora da sala de audiências e na pausa para almoço, Miguel Fonseca criticou a postura da procuradora e disse mesmo estar à espera da avaliação psiquiátrica pedida por um colega na sequência do caso de Tancos.
Amanhã, Bruno de Carvalho vai mesmo depor no Campus de Justiça, acompanhado pela família e amigos – conforme pedido feito ontem por Miguel Fonseca ao juiz Carlos Delca. Aliás, está também marcada para amanhã a audição do arguido Eduardo Nicodemus.
Quatro interrogatórios numa tarde
Durante a tarde, o juiz começou por ouvir Hugo Ribeiro. O arguido alegou que não agrediu nenhum jogador do Sporting e que não entrou de cara tapada na Academia de Alcochete. Aliás, Hugo Ribeiro disse que retirou uma tocha debaixo de um carro que estava estacionado na Academia e que, se não fosse ele, o carro poderia explodir.
Logo a seguir, Sérgio Santos garantiu que se deslocou até à Academia apenas para conversar com Fernando Mendes, ex-líder da Juve Leo e Jorge Jesus. Além disso, quando chegou “os outros já tinham feito as asneiras todas”. A mesma linha seguiram os restantes dois arguidos ouvidos – Bruno de Carvalho, representado pelo advogado Miguel Fonseca, e Elton Camará. Este último reiterou que não bateu nos jogadores, nem entrou de cara tapada na Academia do Sporting.
No final da audiência, ficou confirmado que Fernando Mendes será amanhãlibertado por motivos de doença oncológica. No próximo dia 10 de julho serão ouvidas quatro testemunhas do caso.