Três carpinteiros navais ainda em atividade foram homenageados esta quinta–feira pela Câmara Municipal de Estarreja, no Dia do Município. Trata-se de artífices que continuam a construir sempre seguindo moldes tradicionais, nos estaleiros situados na freguesia de Pardilhó, terra da Ria e berço de centenas de construtores navais de machado e enxó, revelou a autarquia.
António Esteves, Felisberto Amador e Arménio Almeida perpetuam esta identidade da construção naval em madeira, pelo que receberam a Medalha de Mérito Municipal, o galardão máximo atribuído pelo município de Estarreja. Estes três carpinteiros são sobreviventes dos tempos áureos das embarcações em madeira, regulados pela arte e pelo “pau de pontos” – instrumento da construção naval lagunar com cerca de 1,5 metros de comprimento que tem marcadas todas as medidas necessárias à construção dos barcos.
Para o presidente da Câmara Municipal de Estarreja, os três distinguidos representam “todos os construtores navais que outrora, com o seu trabalho e dedicação, engrandeceram a arte da construção naval no concelho, conservando um património material, imaterial e cultural que urge preservar e proteger”.
“Homenagear a arte da carpintaria naval é, ao mesmo tempo, uma forma de a preservar, incentivando os mais novos aprendizes a adquirirem estes conhecimentos junto dos três construtores navais ainda em atividade”, como contou ao i fonte oficial da autarquia.“
Ainda nos dias de hoje, nos seus estaleiros, os construtores navais António Esteves, Felisberto Amador e Arménio Almeida talham artesanalmente muitas embarcações usando o pau de pontos, a serra de mão, o enxó ou a gata, que serve para erguer peças na embarcação”, conforme se destaca na proposta de atribuição da Medalha de Mérito que foi apresentada pelo presidente da Câmara Municipal de Estarreja, Diamantino Sabina, e aprovada por unanimidade pelo executivo.
Construção remonta ao séc. XIX Segundo a Estatística Industrial do Distrito de Aveiro, de 1867, o concelho de Estarreja, que então abrangia o atual concelho vizinho de Murtosa, registou o lançamento à água de 85 barcos, entre os quais grandes embarcações de pesca no mar.
Entretanto, no início do séc. xx, a carpintaria naval intensificou-se, com o aumento do lançamento à água de várias embarcações, tendo sido o engenho e destreza dos mestres e a abundância da mão-de-obra especializada a justificar a fixação em Pardilhó, em 1937, inclusivamente da Delegação Distrital dos Sindicatos dos Operários da Construção Naval.
Nas décadas de 40 e de 50 havia, só em Pardilhó, mais de 30 carpinteiros navais no ativo, pelo que a arte foi passando de geração em geração, com instrução pelos velhos mestres e os estaleiros servindo de escola aos novos aprendizes, acrescentou a autarquia.Três carpinteiros navais ainda em atividade foram homenageados esta quinta–feira pela Câmara Municipal de Estarreja, no Dia do Município. Trata-se de artífices que continuam a construir sempre seguindo moldes tradicionais, nos estaleiros situados na freguesia de Pardilhó, terra da Ria e berço de centenas de construtores navais de machado e enxó, revelou a autarquia.