Copa América. Neymar caiu e o peso do mundo passou para os ombros de Messi

Copa América. Neymar caiu e o peso do mundo passou para os ombros de Messi


O astro do Barcelona continua sem títulos pela seleção: até lá, nunca se livrará da sombra de Maradona – ou de Cristiano Ronaldo. O favoritismo, ainda assim, fica em casa.


Tem na madrugada deste sábado início a 46.ª edição da Copa América, a competição de seleções mais antiga do calendário futebolístico – começou em 1916. Até dia 7 de julho, 12 seleções competirão pelo cetro de rei da América do Sul, nos últimos quatro anos na posse do Chile – quer em 2015, quer em 2016, numa edição especial para comemorar o centenário da competição, os chilenos bateram a Argentina na final após grandes penalidades.

A prova irá decorrer no Brasil, mas é precisamente na seleção argentina que irão incidir todos os holofotes. Mais que não fosse, pelo simples facto de ser esse o país de Messi e de ser esta uma das únicas competições que a Pulga ainda não conseguiu conquistar, juntamente com o Mundial.

Esses são, de resto, os grandes argumentos utilizados pelos defensores de Diego Maradona no célebre debate sobre quem terá sido o melhor futebolista argentino de todos os tempos – mas também na eterna questão que compara as carreiras de Messi e Cristiano Ronaldo, lembrando que o português já venceu dois troféus com a sua seleção (Europeu e Liga das Nações). No que respeita ao confronto com Maradona, campeão do mundo em 1986, ainda ontem o antigo avançado Mario Kempes (também ele campeão mundial, em 1978), disparava sobre os detratores de Messi. “Messi ganhou tudo, o que tem feito é maravilhoso, e dizerem que não chegou tão alto como Maradona por não ter ganhado um Mundial é uma estupidez. O Messi não tem de ganhar um Mundial para estar à altura de Maradona”, defendeu Kempes, em entrevista à rádio Marca, completando a ideia com muitas críticas ao próprio povo argentino: “Os argentinos são mesquinhos e egoístas. Não entendo o entusiasmo que têm por Maradona já reformado, quando temos o melhor jogador do mundo. Para muitos, Messi não serve”.

pouco interesse do público Em condições normais, o foco mediático já estaria sempre sobre Messi. É assim em qualquer competição em que o argentino participe, e mais ainda devido a esse histórico de finais perdidas (às de 2015 e 2016 junta-se a de 2007, por 3-0, frente ao Brasil), mas também pela ausência forçada de Neymar no escrete.

No meio de um turbilhão emocional devido às acusações de violação de que tem sido alvo, o avançado, estrela maior da formação anfitriã, viu-se obrigado a falhar a prova devido a uma rotura de ligamentos sofrida no particular com o Catar, no passado dia 6. Uma ausência de muito peso para o Brasil, mas também para a própria competição, que tem sofrido com a fraca procura de ingressos: a dois dias do início, só 60 por cento dos bilhetes tinham sido vendidos. Um jogo em específico, o Equador-Japão, registava apenas… 1400 ingressos vendidos, com o Bolívia-Venezuela com 3600. Só o jogo de abertura, que irá opor o Brasil à Bolívia no Estádio do Morumbi, em São Paulo, e a final, agendada para o tal 7 de julho no Maracanã, têm já garantia de casa cheia.

Nas casas de apostas, e apesar da ausência de Neymar, o Brasil é apontado como favorito. De forma surpreendente (ou talvez não), o Uruguai, que contará com o sportinguista Coates, é visto como o mais sério candidato a contrariar os intentos dos canarinhos, surgindo depois a… Colômbia, do sportinguista Borja e agora orientada por Carlos Queiroz. É verdade: o técnico português recolhe maior favoritismo para vencer a competição do que a Argentina (onde está também um jogador do Sporting, Acuña), com as duas equipas a integrarem o mesmo grupo (B) e a defrontarem-se já na noite deste sábado.

Refira-se ainda que o Chile, bicampeão em título, surge apenas em sexto nas previsões, atrás até do Peru, que integra o grupo A, do Brasil, juntamente com a Bolívia e a Venezuela, que terá em competição Osorio, central emprestado pelo FC Porto ao Vitória de Guimarães na passada temporada, e Murillo, avançado do Tondela.

um escrete renovado A primeira imagem do Brasil na “sua” Copa América deverá ser diferente daquela apresentada no Mundial do último verão, numa prova onde Tite foi criticado pela falta de flexibilidade em relação às escolhas e ao modelo de jogo. Espera-se agora um Brasil com Coutinho mais próximo de Gabriel Jesus na frente e David Neres e Richarlison (jogador de Marco Silva no Everton) a surgir pelas alas.

Arthur – ou Allan, caso o médio do Barcelona não recupere de lesão a tempo da partida – funcionará como número 8, tendo atrás de si Casemiro, que surge logo à frente dos centrais, em teoria Thiago Silva e Miranda. Éder Militão, já assegurado pelo Real Madrid há alguns meses mas ainda em representação do FC Porto, vai começar a prova no banco.

Realce ainda para as presenças dos convidados Japão e Catar, este com representação portuguesa: Pedro Correia, conhecido no mundo do futebol como Ró-Ró, nasceu em Mem Martins há 28 anos. Mudou-se para aquele país árabe em 2010 e naturalizou-se catari em 2016, somando já 39 internacionalizações e um troféu: a Taça da Ásia, conquistada no início do ano.