Europeias. A guerra de cadeiras segue no dia 27

Europeias. A guerra de cadeiras segue no dia 27


Com as eleições para o Parlamento Europeu começam as negociações para escolher o sucessor de Jean-Claude Juncker. Há seis candidatos, mas a solução pode ser ‘fora da caixa’.


A União Europeia (UE) vai escolher até domingo (26 de maio) a nova composição do Parlamento Europeu – 751 eurodeputados sem Brexit, e 705 com Brexit–, mas não é só a formação de um novo hemiciclo europeu que está em causa. Também os cargos de presidente da Comissão Europeia ( bem como toda a sua equipa), do presidente do Conselho Europeu ou da Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, estão em jogo, e os contactos de bastidores podem começar já a partir do dia seguinte às europeias: a 27 de maio.

Na lista para suceder ao atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, existem seis candidatos, os chamados spitzenkandidaten, ou seja os candidatos indicados pelas famílias políticas europeias. Assim, estão na corrida Manfred Weber (Partido Popular Europeu, PPE), Frans Timermans (Socialistas Europeus), Jan Zahradil (Conservadores e Reformistas), Margrethe Vestager (ALDE, Liberais e Democratas), Ska Keller (Verdes) e Nico Cué (Esquerda Unitária Europeia). Ora, apesar de existirem candidatos oficiais (e até ter existido um debate entre todos no passado dia 15 de maio) não é líquido que a solução passe por nenhum destes seis nomes.

Vamos por partes. A ideia dos spitzenkandidaten, os chamados cabeça-de-lista de cada família política foi pensada para escolher o presidente da Comissão Europeia, segundo os resultados das eleições europeias. Ou seja, a família política com mais deputados pode indicar o candidato a presidente da comissão, sendo a equipa ratificada no Parlamento Europeu por maioria absoluta (376 votos). Esta regra, apesar de estar definida à partida, pode não resultar para definir a próxima comissão europeia. Isto porque ninguém arrisca prognósticos sobre a relação de forças dos partidos políticos. Assim, a solução poderá passar por uma longa fase de negociações e tentativas de consensos ao nível dos chefes de Estado e de Governo, via Conselho Europeu. Isto significa também que Jean Claude-Juncker pode permanecer no cargo para lá de 31 de outubro. De realçar que neste cenário, o desfecho do Brexit pode-se arrastar e complicar ainda mais as contas para aprovar a equipa no hemiciclo europeu.

Acresce-se, que no passado, por exemplo, em 2004, o nome do presidente da Comissão Europeia acabou por não ser nenhum dos potenciais candidatos à partida. A escolha recaiu no então primeiro-ministro português, Durão Barroso. Na altura, a família política do PSD, o Partido Popular Europeu, escolheu Chris Patten, mas o seu nome acabou por ser vetado por França e pelo meio caíram outros candidatos de outras famílias políticas, vetados na medição de forças entre líderes europeus.

De acordo com um artigo do Finantial Times, de 9 de maio, (que recorda o caso do ex-primeiro-ministro português) haveria outro nome também na calha, caso o de Barroso falhasse: o do francês Michel Barnier, o rosto das negociações da União Europeia com o Reino Unido para a saída daquele país do projeto europeu. O seu nome tem sido novamente apontado como plano B ao dos spitzenkandidaten. O próprio já sentiu necessidade de tentar travar a especulação em torno do seu nome, insistindo que apoia o alemão Manfred Weber, candidato do PPE. “Eu sou, como ele, membro do PPE e, igualmente, leal”, declarou Barnier ao jornal Bild am Sonntag, a 19 de maio.

Entretanto, ontem numa entrevista à CNN, o atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, atacou as forças políticas nacionalistas na Europa: “Estes populares, estes nacionalistas estúpidos, estão apaixonados pelo seu próprio país. Eles não gostam dos estrangeiros. Eu gosto dos estrangeiros. Temos de agir com solidariedade para com aqueles que estão em situações piores que nós”, afirmou em véspera de eleições europeias.