Jamie Oliver. Um império que se evaporou lentamente

Jamie Oliver. Um império que se evaporou lentamente


Mudança de administração pode colocar em risco cerca de um milhar de postos de trabalho. Restaurante português não será afetado.


O império de restaurantes do chef Jamie Oliver está a ultimar um pedido de insolvência, colocando em risco cerca de mil postos de trabalho.

A cadeia conta com 25 espaços dedicados à cozinha italiana – inclusive um em Portugal, no Príncipe Real, em Lisboa – e registou, no ano passado, perdas de 20 milhões de euros, resultado de uma quebra de 11% nas vendas. Nesta altura, foram encerrados 12 restaurantes e foram despedidos cerca de 600 funcionários.

Segundo a imprensa internacional (The Guardian e BBC), 22 dos 25 restaurantes do grupo já estão encerrados. Já os três restaurantes situados no aeroporto de Gatwik vão continuar a funcionar enquanto os administradores exploram opções de venda.

A notícia foi anunciada pelo próprio chef nas redes sociais onde garante estar “devastado” com a situação. “Estou profundamente triste com este resultado e gostaria de agradecer a todas as pessoas que colocaram os seus corações e almas neste negócio ao longo dos anos”, lê-se ainda.

O negócio já não corria bem há pelo menos dois anos, altura em que Jamie Oliver anunciou que estava a preparar uma reestruturação da oferta no Reino Unido.

“Lançámos o Jamie’s Italian em 2008 com a intenção de ser uma oferta disruptiva positiva para o mercado de mid-market na high street do Reino Unido, com grande valor e ingredientes de maior qualidade, melhores padrões de bem-estar animal e uma incrível equipa que compartilhou a minha paixão por boa comida e serviço. E nós fizemos exatamente isso”, disse ainda o conhecido chef, citado pelo The Guardian.

Quem vai tratar do processo de insolvência é a KPMG. Will Wright, sócio e administrador conjunto da KPMG, avançou ao The Guardian que, no Reino Unido, “todos, exceto os restaurantes do aeroporto de Gatwick, já fecharam”. “A nossa prioridade nas próximas horas e dias é trabalhar com os funcionários que foram despedidos, fornecendo todo o apoio e assistência que precisam”, acrescentou.

O responsável explicou ainda que “depois de um processo de vendas sem sucesso que procurava trazer novos investimentos para o negócio, a equipa tomou a decisão incrivelmente difícil de nomear novos administradores”.

Recorde-se que, em 2015, Jamie Oliver encerrou a última filial da Recipease, a sua cadeia de lojas de culinária. Em outubro de 2017 o chef viu a sua revista de culinária deixar de ser publicada ao fim de quase 10 anos nas bancas. Nesse mesmo ano, chegou a culpar o Brexit pelo fecho de seis dos seus restaurantes.

Oliver é conhecido pelos seus livros e pelo programa televisivo Naked Chef, transmitido em dezenas de países. Além disso, o chef costuma fazer várias campanhas a defender a alimentação saudável, principalmente nas escolas. Nesta vertente, chegou a dizer que a obesidade faz mais mortos que o Estado Islâmico.

 

Portugal não está em risco

Os amantes do restaurante do conhecido chef em Portugal, situado no Príncipe Real, em Lisboa, não precisam de se preocupar. O The Guardian elaborou um mapa com os restaurantes em risco e o português não faz parte da lista.

Esta informação foi mais tarde confirmada ao i através de um comunicado do estabelecimento Jamie’s Italian Lisboa. “A operação internacional não é afetada por esta tomada de decisão, uma vez que tem conhecido um percurso inverso – de elevado desempenho, crescimento e robustez, prosseguindo com normalidade o seu desenvolvimento”, lê-se na nota, que acrescenta que o restaurante lisboeta está a crescer. “Também a operação em Lisboa tem conhecido esta tendência. A sua excelente performance tem permitido a consolidação do seu posicionamento no setor como player credível e cumpridor de todas as responsabilidades e compromissos que tem assumido junto dos seus clientes e demais parceiros, honrando os valores que decidiu defender”, refere.