Ryanair. Acordo com pilotos portugueses para evitar risco de greves

Ryanair. Acordo com pilotos portugueses para evitar risco de greves


Companhia de aviação quer pôr fim ao clima de tensão que se foi arrastando ao longo de meses e que chegou a culminar numa série de paralisações. Acordo vai estar em vigor durante quatro anos.


Os pilotos da Ryanair em Portugal aprovaram o acordo laboral negociado entre o sindicato dos pilotos SPAC e a companhia de aviação. Este acordo vai vigorar durante quatro anos e tem como objetivo acabar com o braço-de-ferro entre as duas partes que tem vindo a arrastar-se há quase um ano. A companhia aérea low-cost consegue assim evitar o risco de uma nova ronda de greves na época de verão, avançou a Reuters. Em cima da mesa estiveram questões relacionadas com salários e com as condições de trabalho dos pilotos portugueses. 

Este acordo surge depois de, em outubro, as duas partes terem chegado a bom porto nas negociações de vários temas relacionados com a atribuição de licenças e promoções – uma situação que veio abrir caminho para a negociação deste acordo coletivo de trabalho mais completo.

Mas, ao que o i apurou, o conflito está longe de chegar ao fim, uma vez que os trabalhadores continuam a falar de pressões e a acusar a empresa de bullying. Em causa está o ambiente de perseguição e de penalização consoante as vendas que são feitas a bordo. Neste caso, os pilotos estão de fora, mas os tripulantes de cabina não. 

Conflitos A verdade é que o clima de tensão entre trabalhadores e empresa durou longos meses e culminou numa série de greves, obrigando a companhia aérea a cancelar milhares de voos em toda a Europa. Aliás, as denúncias feitas pelos sindicatos portugueses obrigaram a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) a intervir, que depois notificou o Ministério Público por estar em causa “matéria penal”.

Este mal-estar levou o diretor executivo da ANA Aeroportos, em setembro passado, a garantir que poderia abandonar o mercado português a qualquer momento. “A companhia pode dizer que já não encontra condições operacionais e económicas suficientes para preencher os seus objetivos e deixar as operações” em Portugal, revelou na altura.

Mas, em novembro, a Ryanair acabou por admitir que estava a negociar com sindicatos para aplicar legislação local em contratos de funcionários, num comentário à carta assinada por cinco governantes europeus a pedir à companhia aérea irlandesa a conclusão dos acordos laborais. “A Ryanair cumpre plenamente com toda a legislação laboral da União Europeia e continua a negociar com os seus colaboradores e os respetivos sindicatos por toda a Europa. Já confirmámos que aplicaríamos a legislação local em contratos locais”, disse na altura. 

Também a comissária europeia para o Emprego, Marianne Thyssen, tinha insistido na necessidade da aplicação da legislação laboral local o mais depressa possível, enquanto a Assembleia da República aprovou uma resolução para recomendar ao Governo que desenvolvesse diligências junto da companhia aérea irlandesa de baixo custo e respetivas agências de recrutamento para que aplicassem a legislação portuguesa nas relações laborais. 

Os dados da companhia de aviação indicam que, juntamente com a subsidiária austríaca Laudamotion – sucessora da antiga Niki –, foram transportados 10,9 milhões de passageiros em março, o que representa um aumento de 9% face a igual período do ano passado. Já nos três meses do ano, o grupo transportou 30,8 milhões de passageiros, um aumento de 10,4% – correspondente a 2,9 milhões de passageiros – em relação ao período homólogo.