Já é (quase) oficial: Marcelo Rebelo de Sousa é o candidato do PS geringonçado em 2021


O “selfie man” é o candidato preferido da esquerda – António Costa e os seus séquitos sabem que, atendendo à defesa dos seus interesses políticos pessoais, é impossível alguém melhor do que Marcelo no Palácio de Belém


1. Todos já desconfiávamos qual era a verdadeira motivação da paixão, convertida em amor, entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa – com o Bloco de Esquerda e o PCP a servirem de acompanhantes, especialmente deliciados com a lua-de-mel entre o Palácio de Belém e São Bento rosinha. No entanto, desde quinta-feira, já podemos ter a certeza de que a união entre Marcelo Rebelo de Sousa e Costa já não é apenas de facto: a relação parafamiliar evoluirá para um verdadeiro casamento em breve. Possivelmente, já no verão de 2020, com o anúncio da recandidatura de Rebelo de Sousa, tão ansiada pelos socialistas e pelo sistema que zelará tanto pela manutenção deste statu quo. De facto, o livro da autoria da prof.a Felisbela Lopes e da jornalista Leonete Botelho – pese embora peque pelo seu registo arrebatado em defesa de Marcelo, perdendo o rigor, o distanciamento crítico e a imparcialidade que seriam exigíveis a uma professora universitária de Comunicação Social e a uma jornalista política no ativo – é revelador do que já se preparava nos bastidores: o apoio do PS à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

2. O “selfie man” é o candidato preferido da esquerda – António Costa e os seus séquitos sabem que, atendendo à defesa dos seus interesses políticos pessoais, é impossível alguém melhor do que Marcelo no Palácio de Belém. Marcelo é ideal para manter os interesses especiais que põem e dispõem do regime dando uma aparência de mudança. Marcelo é ideal para manter o poder socialista incontrolado e incontrolável, vendendo a ilusão aos portugueses de que o Presidente da República mantém autoridade suficiente (e, sobretudo, coragem!) para censurar os desvarios de António Costa e companhia esquerdista (i)limitada. Quando se efetuar uma análise histórica racional, fria e objetiva dos anos da geringonça, Marcelo merecerá lugar privilegiado no processo de branqueamento da obsessão pelo poder de António Costa – que custou ao país quatro anos de tempo perdido, com um governo que se limitou a gerir os calendários eleitorais, desperdiçando mais uma conjuntura histórica favorável para promover as reformas estruturais de que Portugal tanto carece. Tal como António Guterres, tal como José Sócrates, António Costa preferiu governar para os jornais, para a esquerda radical que o segurou no poder, não se importando de colocar Portugal na cauda da Europa no que ao crescimento económico diz respeito (até já ficamos atrás da maioria dos países da Europa de leste!). Daqui a alguns anos iremos, mais uma vez, ouvir uma multidão de comentadores, de professores, de economistas, de gestores, de políticos a lamentarem que Portugal não aproveitou o momento certo para ajustar o seu paradigma económico às exigências do “novo mundo” em que vivemos. É a história a repetir-se outra vez, sempre por obra e desgraça dos socialistas…

3. Voltemos então ao livro “Marcelo – Presidente todos os dias” (Porto Editora). Perguntará o leitor mais cauto: este livro teve algum tipo de intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa? As autoras garantirão que a resposta é negativa. Contudo, quem conhece Marcelo facilmente detetará o seu dedinho em várias passagens (e na estruturação) da obra. Daí que possamos qualificar o trabalho de Felisbela Lopes e Leonete Botelho (jornalista do “Público” que, não por acaso, é sempre um jornal muito exaltador de Marcelo…) como o manifesto pré-eleitoral da recandidatura do Presidente “selfie man”. Ora, e quem é que surge a enaltecer desbragadamente Marcelo e as suas qualidades? António Guterres, o socialista do pântano e, segundo o próprio “selfie man”, a “prenda de Natal de todos os portugueses em 2016”; Eduardo Ferro Rodrigues, o presidente da Assembleia da República mais parcial a favor da esquerda desde a instauração da iii República e figura de proa da geringonça; e Margarida Marques, antiga secretária de Estado para os Assuntos Europeus de António Costa e candidata ao Parlamento Europeu na lista do PS, encabeçada pelo socrático Pedro Marques. E do PSD? Rigorosamente, ninguém. Nem um único militante do PSD surge, no livro, a apoiar Marcelo (a não ser, claro, o porta-voz oficioso da Presidência, Luís Marques Mendes). O que não admira: nós recordamo-nos que Marcelo, durante a campanha para as presidenciais de 2016, afirmou que pretendia evitar ao máximo surgir ao lado de militantes do PSD, porque tal “seria tóxico”. É assim: para o Presidente “selfie man” Marcelo, quem não é socialista ou da extrema-esquerda só pode ser tóxico… Só gosta de nós para pedir, na altura certa e discretamente, o nosso voto…

4. Curiosas são igualmente as revelações das autoras sobre a relação promíscua entre Marcelo e a comunicação social. Escreve-se na página 14: “Marcelo precisa de projetar à escala nacional uma determinada imagem de si. É esse o trabalho dos média que este PR nunca negligencia. Em todas as deslocações, Marcelo Rebelo de Sousa presta uma atenção especial aos repórteres que o acompanham, ainda que muitas vezes faça de conta que não os vê… E, no recato dos seus aposentos ou no intervalo da sua frenética agenda oficial, manda SMS ou telefona (…) a vários jornalistas para comentar isto ou aquilo, ou simplesmente para conversar. No entanto, quando o interlocutor é Marcelo, nada é feito por acaso.” Retenhamos o “nada é feito por acaso” – as autoras sabem do que falam: o tom enlevado e imune a qualquer distanciamento crítico com que os jornalistas cobrem a atividade política de Marcelo é consequência direta dos telefonemas e SMS, noite adentro, pelo próprio Presidente aos seus interlocutores preferidos da comunicação social.

5. Em suma: Marcelo é o candidato do PS e (sob reserva) da extrema-esquerda. Ferro Rodrigues – com um propósito claro – escreve, em nota introdutória ao livro de Felisbela e Leonete, que “Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente de um tempo novo”. Ora, como se sabe, “tempo novo” é a expressão com que António Costa descreveu o ciclo da geringonça. No fundo, implicitamente, Ferro Rodrigues assume que Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente da geringonça. Nada que nos surpreenda. Impõe-se, pois, uma reflexão ponderada – após o ciclo eleitoral deste ano – sobre a estratégia do PPD/PSD para as presidenciais. No limite, os militantes do maior partido português não poderão ser obrigados a apoiar o Presidente “selfie man” do “tempo novo”. Quereremos estar do mesmo lado que Ferro Rodrigues e António Costa? Claro que não!

 

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