A ambição do governo é aumentar a circulação de carros elétricos em Portugal. A pensar nisso, manteve no Orçamento de Estado para este ano o incentivo de 2250 euros por automóvel. A questão dos carregamento continua a ser considerada um dos principais entraves à compra de um carro elétrico. Uma questão que ganha maior relevo quando um dos problemas apontados é a fraca autonomia das baterias. Por norma, estas não conseguem autonomias superiores a 200 quilómetros, o que faz com que este tipo de veículos seja usado essencialmente para deslocações curtas e de caráter urbano.
E as dores de cabeça começam depois da compra e, na altura, do seu carregamento. Postos de carregamento sem estarem a funcionar é a a principal queixa feita pelos condutores.
Numa ronda feita pelo i no Portal da Queixa, é possível verificar que até à data foram feitas 105 reclamações dirigidas à Mobi.e, empresa de mobilidade elétrica responsável pelos postos de abastecimentos espalhados por Portugal. A maioria das reclamações prendem-se com o facto de os postos de abastecimento não estarem a funcionar devidamente, um problema que se estende de norte a sul do país, onde a grande maioria encontra-se fora de serviço.
Destas reclamações recebidas apenas uma foi resolvida, encontrando-se as outras à espera de resposta ou então a ser tratadas. Em relação à taxa de resposta, o Portal da Queixa esclarece que ronda 1,1%. Isto significa que, os problemas estão identificados, mas não existem respostas ou soluções.
A verdade é que o número de reclamações tem vindo a aumentar nos últimos anos, indo ao encontro do aumento de vendas. Em 2016 entraram apenas três queixas e no ano seguinte nove. “Há um forte indício de aumento no número de reclamações caso a situação se mantenha para este ano”, diz ao i fonte do portal.
Outra alternativa de carregamentos pode ser nas garagens dos prédios e, neste caso, terá de pagar os preços da luz para uso doméstico. Mas nem tudo são facilidades. No caso de os locais de estacionamento já terem tomadas elétricas com ligação exclusiva à fração, podem, em princípio, ser adaptadas para o carregamento das baterias elétricas dos carros, desde que cumpram os requisitos técnicos e legais definidos pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG). No entanto, se a instalação for num local que pertença a uma parte comum do edifício, é sempre necessária uma comunicação escrita prévia à administração do condomínio, com a antecedência de, pelo menos, 30 dias, em relação à data pretendida para a instalação. Quem não tem garagem ou acesso curto a uma ficha, terá dificuldade em carregar em casa, já que um dos conselhos dos vendedores é precisamente o risco de recorrer as extensões.
Postos rápidos Desde novembro que a utilização dos postos de carregamento rápido começou a ser paga, uma opção para muitos automobilistas, ainda que alguns híbridos precisem de um adaptador para poder aproveitar esta opção.
Neste momento, a rede Mobi.E tem 59 postos de carregamento rápido e 550 postos de carregamento normal, que correspondem a cerca de 1250 tomadas. Foram emitidos mais de 8 mil cartões de acesso à rede Mobi.E.
Os tarifários dos quatro comercializadores – EDP, Galp, Prio.e e eVaz Energy – já foram divulgados. Os preços da Prio.e em tarifa bi-horária, a única que disponibiliza para a mobilidade elétrica, são de 5,96 cêntimos por minuto em vazio e de 6,58 cêntimos fora de vazio (entre as 8h e as 22h). No entanto, a estes valores é necessário acrescentar a tarifa de acesso à rede, que foi fixada pelo regulador em 10,27 cêntimos por kWh nas horas fora de vazio e 4,83 cêntimos por kWh nas horas de vazio.
De acordo com a simulação feita pela Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), comparando os quatro CEME, os carregamentos mais baratos são os da EDP, que variam entre 3,20 e 8,74 euros. Segue-se a Galp, com preços entre os 3,44 e os 8,97 euros. A eVaz Energy disponibiliza carregamentos que vão dos 4,26 a 9,80 euros. Feitas as contas, a diferença de custo entre o carregamento rápido mais barato e o mais caro atinge os 6,68 euros.
No entanto, há comercializadores que oferecem descontos. Tanto a EDP como a Galp têm descontos para clientes que utilizem estes operadores como fornecedores de energia em casa. Há ainda outras promoções cruzadas que podem ser importantes. Por exemplo, a EDP comercializa uma wallbox (carregador para instalar em casa) que dá direito a descontos para o consumo associado ao carregamento em casa.
Não se esqueça que para utilizar estes carregamentos rápidos tem de ter um cartão de acesso aos postos disponibilizados pelos operadores. Para isso, o consumidor terá de estabelecer um contrato de fornecimento de energia com pelo menos um dos CEME. No entanto, independentemente do contrato que fizer, esse cartão pode ser usado em qualquer operador. Aliás, uma das vontades do atual executivo foi sempre que o consumidor não fosse obrigado a possuir mais que um cartão para efetuar o carregamento do seu carro elétrico. No fundo, o cartão vai definir quanto vai pagar e a quem vai pagar.
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