Casamentos são negócio de 800 milhões de euros em Portugal

Casamentos são negócio de 800 milhões de euros em Portugal


Os portugueses casam menos, mas gastam mais. É uma tendência que começou há uns anos e veio para ficar. A justificar o fenómeno está o facto de o preço médio ter aumentado. Há de tudo, para todos os gostos e carteiras. Se quer, por exemplo, um pedido de casamento extravagante, pode fazê-lo na Lua, a…


Há quem diga que casar já esteve mais nada moda; que os casamentos duravam mais noutros tempos; que é dinheiro deitado fora. No entanto, enquanto uns falam, outros fazem. E a verdade é que em Portugal continuam a realizar-se casamentos praticamente em todos os dias do ano. Ainda que existam dias mais populares do que outros e até meses mais apetecíveis, há sempre quem esteja a escolher subir ao altar. E, muito embora o país seja dado a um elevado número de divórcios e o número de cerimónias possa não ser igual ao de outros tempos, falamos de um negócio que não se tem vindo a retrair. Muito pelo contrário. Vamos a contas. De acordo com os responsáveis pela Exponoivos, o evento de referência no setor do casamento em Portugal, “se formos a pensar que há 20 anos tínhamos um número de casamento em Portugal que rondava os 80 ou 90 mil, hoje estamos a falar de uma realidade com 33 ou 34 mil casamentos”. No entanto, desengane-se quem pensa que se tem vindo a perder dinheiro. 

De acordo com os dados disponibilizados ao i, os portugueses casam menos, mas a indústria fatura mais. Em 2003, os casamentos eram um negócio de 700 milhões de euros. Ou seja, um negócio verdadeiramente multimilionário no país. Em média, em cada matrimónio gastavam-se 10 mil euros. Como se realizavam cerca de 70 mil casamentos por ano, o volume de negócios gerado rondava os 700 milhões de euros. Agora, os números mostram uma nova realidade, mas com valores ainda mais animadores para a indústria. Com cerca de 33 ou 34 mil casamentos por ano, “é uma industria que fatura 800 milhões de euros, o que tem um peso importante da nossa economia”. 

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Como se chega aqui? Fácil. De acordo com António Manuel Brito, diretor da Exponoivos, “um casamento médio em Portugal custa atualmente 26.151 euros, assim como o mínimo e o máximo despendido está avaliado respetivamente em 14.338 euros e 37.965 euros”. Na verdade, falamos de valores que se atingem facilmente porque “têm em conta os 12 serviços/produtos básicos e essenciais no casamento, nomeadamente, fotografia e vídeo, lua-de-mel, vestido de noiva e fato de noivo, flores, aluguer de carro, convites, brindes, animação, alianças, bolo de noiva, e boda para 100 convidados. Comparativamente assiste-se a uma evolução quantitativa ao longo das décadas, atualmente superior a 74% e 31% relativamente aos custos representados em 1994 e 2004, respetivamente”. 

A justificar muito este crescimento exponencial no volume de negócios está, na opinião dos responsáveis pelo evento, a “evolução de um mercado cada vez mais consolidado e exigente na diferença e na qualidade, que motivou um acréscimo de consumo acompanhado pelo maior poder de compra dos noivos. Embora tenham de contrair matrimónio mais tarde, permite-lhes ser mais exigentes e pretender que o dia do seu casamento seja único”.

E será que dizer que casamos mais tarde faz mesmo sentido ou é apenas senso comum? Segundo as estatísticas, o adiamento da idade do casamento é mesmo uma tendência que se tem mantido ao longo das últimas décadas, para ambos os sexos. A idade média do primeiro casamento, em 2017, situou-se em 33,2 anos para os homens e 31,6 anos para as mulheres, o que compara com 32,8 anos e 31,3 anos, respetivamente, em 2016.

A conseguir gerar milhares de empresas diretas e indiretas nos mais de 40 subsetores de atividade envolvidos nesta indústria, “o volume de negócio gerado pelo casamento em Portugal contribui quase com 0,5% do PIB”. O peso desta indústria não é, aliás, uma surpresa para quem a acompanha de perto. Já em 2014, um estudo sobre as tendências dos últimos anos em Portugal mostrava que, em duas décadas, os portugueses continuaram a casar cada vez menos, cada vez mais tarde, muito mais pelo civil, mas a abrir muito mais os cordões à bolsa na hora de realizar o dia com que todas as noivas sonham. 

Para os mais céticos em relação aos valores, pode até dizer-se que há questões ligadas ao casamento com valores astronómicos. No ano passado, por exemplo, ficou a saber-se que, em 2022, vai ser possível pedir alguém em casamento na Lua. Ter acesso a este pedido extravagante, sobrevoando a superfície da Lua, é uma ideia da agência parisiense ApoteoSurprise, e passa a ser possível por 125 milhões de euros. Aqui, a frase romântica “gosto de ti daqui até à lua” ganha um novo sentido, mas só para quem a carteira permite ficar a “ver estrelas”.