PJ investiga várias denúncias contra vereador do urbanismo

PJ investiga várias denúncias contra vereador do urbanismo


Última denúncia a entrar está relacionada com o alargamento do Hospital da Luz, em Benfica


Depois de o Ministério Público ter confirmado ao i que está a investigar os contornos da construção da chamada Torre de Picoas, na avenida fontes Pereira de Melo, em Lisboa, o semanário “Sol” noticiou este fim de semana que a Polícia Judiciária tem em mãos várias denúncias e inquéritos nos quais o vereador Manuel Salgado, com o pelouro do Planeamento, Urbanismo, Património e Obras Municipais da Câmara Municipal de Lisboa, é visado.

O mesmo semanário avança que o último caso a dar entrada envolve o quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros junto ao Hospital da Luz. As suspeitas prendem-se com a compra do edifício em hasta pública pelo grupo Espírito Santo Saúde – atual Luz Saúde, proprietário do Hospital –  detido pelo Grupo Espírito Santo (GES) para ampliação do hospital privado, decidida em 2014. Importa referir que Manuel Salgado é primo direito de Ricardo Salgado. 

Dentro da Câmara Municipal de Lisboa, mesmo antes de o caso chegar à PJ, já vereadores e deputados desconfiavam dos contornos da hasta pública: Fernando Nunes da Silva, antigo vereador da Mobilidade, disse-o em entrevista ao “Sol”, e agora Victor Gonçalves, antigo deputado do PSD na Assembleia Municipal e ex-presidente da Comissão Municipal de Urbanismo, Reabilitação Urbana, Habitação e Desenvolvimento Local disse ao mesmo semanário não ter dúvidas de que a compra estava “combinada” entre o GES e Manuel Salgado – que, de resto, assinou o projeto do hospital quando ainda estava à frente do ateliê Risco, antes de chegar à CML.

“As condições de hasta pública eram adaptadas ipsis verbis às necessidades do hospital, portanto a hasta publica só podia servir o hospital”, defendeu Victor Gonçalves ao “Sol”. 

A “prova” final, disse, é que numa reunião da comissão que presidia com a administração do hospital a propósito da expansão, “um dos presentes terá chamado à atenção sobre um acesso que estava a ser construído e não devia estar ali. E alguém respondeu ‘ah mas isto já vinha nas condições da hasta pública’, mostrando realmente que a hasta estava feita para o hospital e respondia a uma necessidade objetiva do hospital”, acusa.