Já existem sites fidedignos, o que é que estas plataformas vêm acrescentar?
As plataformas têm informação que é atualizada 24 horas por dia com base em artigos científicos que são validados a nível internacional. Não há nenhum site de maior confiança do que estas plataformas que incluem todas as normas internacionais. Qual é a vantagem? No caso dos médicos em particular dão apoio à decisão clínica, servem para fazer formação profissional contínua – não só os médicos, qualquer profissional da área da Saúde. E são importantes para a literacia digital em Saúde ao fornecerem ao cidadão a possibilidade de ter informações corretas. Servem para combater aquilo que são as práticas que não têm qualquer evidência científica e têm efeitos potencialmente perigosos para os doentes.
Isto é uma inovação a nível internacional. É o primeiro país que faz isto.
Sendo Portugal um país pioneiro, acha que vai inspirar outros países a tomar uma iniciativa da parecida?
Acho que sim. O professor António Vaz Carneiro este fim de semana participou numa reunião internacional, em que se discute estas questões e o acesso a informação mais generalizado para as pessoas. Quando o professor lhes contou que a Ordem dos Médicos portuguesa ia assinar um protocolo com o Ministério da Saúde que tinha como objetivo dar gratuitamente aos 10 milhões de portugueses acesso a plataformas, eles nem queriam acreditaram, disseram que era uma ideia excelente.
Acha que isto vai diminuir a afluência dos portugueses aos hospitais?
Não acho que vá diminuir ou aumentar. Acho é que isto vai dar mais informação às pessoas. Com o continuar do aumento de conhecimento o que vai acontecer é que as pessoas vão começar a perceber melhor quando é que devem recorrer ao médico de família ou quando é que devem recorrer aos cuidados hospitalares. Passam a ter mais informação sobre patologias que eventualmente lhe possam dizer respeito o que significa que quando estiverem com o seu médico – porque isto não dispensa a ida ao médico – e tiverem de decidir entre métodos de tratamento, já vão estar mais preparadas para algumas dúvidas e para tomar uma decisão. Sempre que damos conhecimento às pessoas, estamos a dar apoio, a dar a possibilidade de elas poderem ter uma posição mais proativa na decisão do seu próprio caminho na Saúde.
Não vai continuar a existir problemas em interpretar a informação?
Isso vai sempre haver. A internet é livre. A partir do momento em que temos estas plataformas ativas, e elas estejam acessíveis a todos os portugueses, vamos ter que começar a divulgar isto em massa. As pessoas vão ter de começar a pensar que, a partir de janeiro, vão poder ir às plataformas. Nem toda a gente vai conseguir usar isto, no entanto, o número de pessoas que inicialmente pode usar já é muito grande: por exemplo, todos os jovens vão conseguir usar as plataformas. Mas isto não dá para toda a gente, temos noção disso, mas se, por exemplo, 50% das pessoas usarem já é excelente.
Considera que estas plataformas são o futuro?
Elas não são o futuro, já são o presente. Em termos de apoio à decisão clínica já são o presente, em quase todos os países do mundo ocidental são utilizadas como apoio à decisão clínica pelos médicos.
Porquê só aos portugueses? Também pode chegar aos emigrantes e a outras comunidades que falem português?
Penso que não. Ainda não tenho conhecimento sobre o modelo de acesso. Já está escolhido o presidente da comissão executiva para pôr isto tudo a andar – o professor António Vaz Carneiro. Agora vai escolher a equipa para decidir como vai ser o acesso, se vai ser pelo país ou se vão fornecer a todos os portugueses uma password.