A partir de janeiro, os portugueses vão passar a ter acesso, de forma gratuita, a plataformas online internacionais que disponibilizam informação cientificamente comprovada sobre doenças, medicamentos e que respondem a dúvidas sobre Saúde. Qual o objetivo? Combater a falta de conhecimento e lutar contra a informação pouco credível disponibilizada pelo “doutor google”.
O anuncio foi feito ontem pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que se reuniram em Lisboa para assinar um protocolo de colaboração que tem o objetivo de ajudar os portugueses – incluindo médicos e enfermeiros – a esclarecerem as suas dúvidas e possibilitar que tomem as melhores decisões.
Estas plataformas são “para todos”, começou por explicar o bastonário, no início da cerimónia, que decorreu ontem de manhã na Ordem dos Médicos, em Lisboa. E vão permitir que os “cidadãos tenham mais informação sobre saúde”, uma “informação validada cientificamente”, completou.
Já o ministro da Saúde, ainda antes de assinar o protocolo, disse que as plataformas irão “facilitar a vida dos médicos”, permitindo assim um “diálogo mais seguro com os doentes”. As plataformas são a “luta entre os médicos e o doutor google”, disse o governante.
Esta iniciativa foi impulsionada pelo médico António Vaz Carneiro – que tem dedicado toda a sua vida à investigação – e foi aceite pelo bastonário da Ordem dos Médicos, que procurou uma parceria com o governo. “Nós entendemos que era uma oportunidade. Acima de tudo darmos um passo importante na batalha do conhecimento contra a ignorância, daquilo que é a realidade científica contra a informação desvirtuada […], que é um perigo para a saúde pública, um perigo para a comunidade”, disse Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas.
O ministro referiu ainda que os portugueses têm direito a estarem mais bem informados e a terem “um acesso a um conhecimento de maior qualidade”.
“É uma ideia original, é uma ideia que honrará o país e que trará, do ponto de vista internacional, aquilo que é talvez uma das relações historicamente mais importantes naquilo que é o evoluir da sociedade, que é a relação entre o médico e o doente”, adiantou o ministro.
Questionado sobre o facto de esta plataforma poder afastar os utentes dos hospitais, o ministro da Saúde rejeitou a ideia: “Não é esse o objetivo, o objetivo é termos cidadãos mais informados”.
O acesso a esta informação – que é atualizada diariamente – será da responsabilidade da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Quanto aos custos, Miguel Guimarães disse que o objetivo é “integrar vários contratos que já tinham nos hospitais”.
A assinatura deste protocolo foi um “momento histórico”, disse Miguel Guimarães, acrescentando que a medida permite aos portugueses terem acesso a instrumentos seguros “e que oferecem garantias de qualidade em termos científicos”.
Esta iniciativa “é uma arma poderosa para combater por um lado a publicidade enganosa e muitas das coisas que não têm evidência científica”, considerou o bastonário.
Apesar de a medida pretender ajudar os portugueses a desenvolver a sua literacia em saúde, Miguel Guimarães lembrou que estas plataformas também irão ajudar os profissionais de saúde: Como “a medicina evolui muito rapidamente” é necessário “que os médicos tenham o apoio à decisão médica através destas plataformas”. Estas ferramentas permitem aos profissionais estarem em constante formação e aprendizagem, de forma gratuita.
As quatro plataformas são a BMJ Best Practice, a Cochrane Library, a DynaMed Plus e a UpToDate. Apesar de estas serem internacionais, as informações serão traduzidas para português de forma a facilitar a compreensão. Até ao final do ano, a Ordem dos Médicos juntamente com o governo irão trabalhar neste acesso gratuito. As plataformas estarão disponíveis para todos os portugueses a partir de janeiro do próximo ano.