Monchique. Fogo poderá provocar erosão dramática dos solos

Monchique. Fogo poderá provocar erosão dramática dos solos


A qualidade do solo virá a ser ainda mais afetada na sequência do incêndio que deflagrou em Monchique. Autarca teme segunda catástrofe


Depois do incêndio estar em fase de conclusão há vários dias, ontem estiveram, de acordo com os dados da ANPC, mais de 600 operacionais em Monchique.

Os 27 mil hectares destruídos na serra algarvia ameaçam agora ser o cenário de um segundo desastre caso nada for feito. Quem o diz é o presidente da Câmara de Monchique, Rui André, e em causa estão as condições do solo depois do incêndio que lavrou durante uma semana.

O fogo poderá ter contribuído para a erosão dos solos e, com as chuvas do inverno, as raízes das árvores poderão não ser suficientes para evitar deslizamentos de terras. Em entrevista à agência Lusa, o autarca algarvio anunciou que já tem encontros marcados com vários responsáveis para se encontrarem medidas de emergência em contra-relógio. E adiantou que prevê serem necessários entre cinco e seis milhões de euros para estabilizar os hectares queimados, verbas que, diz o autarca, espera que venham do governo – e rapidamente.

O alerta não tem como base apenas o presente, mas também o passado. O autarca relembrou as consequências do incêndio de 2003, que queimou mais de 70 mil hectares, para os solos. Os sobreiros plantados na sua ressaca só agora se encontravam em fase de regenação e calculou que milhares deles arderam no incêndio que começou a 3 de agosto na serra. “As árvores tinham sido afetadas em 2003 e estavam agora numa altura de regeneração e recuperação. É uma situação que temos de avaliar nos próximos anos e depende muito das temperaturas [atingidas pelo fogo] para ver se recuperam ou não”, disse Rui André à “TVI”.

Consequência que não afetará apenas a qualidade do solo, mas também uma das indústrias da zona: a recolha da cortiça. O autarca afirmou que “o nível de destruição que o fogo causou terá um rombo grande na produção de cortiça”. “Em 2003, recuperaram. Desta vez, será muito difícil”, admite.

Incêndios de ontem O incêncio florestal que deflagou ontem às 14h10 junto à localidade de Catadinha, no concelho da Sertã, não ameaçou a população e às 17h38 estava em estado de resolução, de acordo com o presidente do município, José Farinhas Nunes, e a página da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC).

Apesar de as chamas terem tomado uma grande proporção, a zona de grande preocupação foi na floresta e “não houve pessoas nem casas em risco”, afirmou José Farinhas Nunes à Lusa. No local estiveram 214 operacioanis a combater as chamas.

Às 22h30 de ontem, estavam ativos dois incêndios em Portugal. Um em Viana do Castelo e outro no distrito de Braga.