Vila Nova de Cerveira, terra com 1400 habitantes, viu os verões mudar há quase vinte anos quando a bienal de arte homónima – a mais antiga da Península Ibérica, diga-se – se instalou por aquelas paragens. Mas esta história começa muito antes. Vamos por partes, comecemos no agora, ano em que a mostra perfaz 19 edições.
A XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira arranca hoje e, até 16 de setembro, são esperados mais de 500 participantes oriundos de 35 países. Uma mescla a colorir o verde de Cerveira, usado como montra e altar para mais de 600 obras de artistas que refletem as mais recentes tendências estéticas. O tema está dado: Da pop arte às trans-vanguardas, Apropriações da Arte Popular. À volta, orbitam representações de 14 universidades, escolas superiores e politécnicos das áreas artísticas, artistas convidados e curadorias nacionais e internacionais, concertos e outros momentos.
Fernando Nogueira, presidente da Fundação Bienal, promete uma edição «arrojada, que projeta Vila Nova de Cerveira como um ponto de encontro obrigatório de artistas, investigadores e amantes das artes». E o arrojo pode ser também, e talvez sempre, um adjetivo colado à principal homenageada da edição, Paula Rego. Na Bienal serão apresentadas ao público 52 obras da artista – saltando entre a gravura, o desenho e a pintura, criadas entre 1968 e 2001 e que são atual propriedade de fundações, museus e até privados.
Se esta é a 19.ª edição, o nascimento da Bienal de Cerveira já vai quase no dobro da idade do evento. Corria o ano de 1978 quando os encontros de arte começaram, de uma forma menos organizada, a sentar-se neste poiso. O mote sempre foi o mesmo: usar a vila como «local de encontro, debate e investigação de Arte Contemporânea, num programa concertado com a vizinha Galiza e o Ensino Superior a nível Europeu», recorda a organização. Paula Rego participou, logo nesse longínquo 78, como artista.
E os encontros foram-se tornando maiores em tamanho de gente e de arte.
Uma apresentadora da casa
Hoje, a cerimónia de abertura será conduzida por uma anfitriã especial: Bárbara Guimarães. E não pelo seu percurso na apresentação, mas pelas raízes já antigas que foi criando com o certame. É que Bárbara é filha do «reconhecido escultor João Antero – artista assíduo das Bienais Internacionais de Arte de Cerveira – e acompanha o evento desde a sua infância», lembra o coordenador artístico da mostra, Cabral Pinto.
Além da apresentadora, também o ministro da Cultura Luís Filipe de Castro Mendes marca presença na abertura do evento.