Deutsche Bank sai de Portugal

Deutsche Bank sai de Portugal


O Deutsche Bank começou a sondar o mercado para avaliar o interesse pelas suas filiais em Portugal e em Espanha. A notícia foi avançada ontem pelo “El Confidencial”, que cita fontes anónimas com conhecimento da operação.


A ideia é que esta operação ajude a encaixar 2000 milhões de euros que servirão de reforço ao aumento de capital de 8000 milhões de euros.

Apesar de a publicação espanhola ter tentado obter mais informações, o banco recusou fazer comentários.

A verdade é que a situação do Deutsche Bank tem vindo a tornar-se mais complicada. Até porque a multa aplicada pelas autoridade norte-americanas tem estado a pressionar as contas da instituição que, em 2015, teve prejuízos (-6900 milhões de euros) e, em 2016, voltou a apresentar contas preocupantes (-1402 milhões de euros).

Banco confirma aumento do capital

O Deutsche Bank confirmou na semana passada que vai ser feito um reforço de capital no valor de 8 mil milhões de euros. A garantia foi dada pela própria instituição bancária que, em comunicado, explica ainda que o objetivo é melhorar os rácios do banco. O aumento de capital foi aprovado este domingo, depois de o conselho de administração ter estado reunido. Além do valor, foi ainda anunciado que a operação deverá estar concluída já em abril. No entanto, falta que seja dada luz verde por parte do regulador. Ficam assim apresentados os planos do banco para os próximos tempos, que ficarão então marcados pelo aumento de capital e ainda por uma redução de custos.

Mas como será feito o aumento de capital? Esta era a grande questão, até porque em cima da mesa estava a venda de novas ações e a alienação de parte do negócio de gestão de ativos. O banco confirma agora que o reforço de capital vai ser feito através da emissão de novas ações: 687,5 milhões de novos títulos que vão permitir encaixar até 8000 milhões de euros. Além disso, a instituição vai ainda tentar somar mais 2000 milhões com a venda de ativos nos próximos dois anos.

Já no caso do Postbank que, ao que tudo indica, chegou a estar à venda, não haverá mudanças porque permanece na esfera da instituição financeira. Com estas alterações, os dirigentes do Deutsche Bank acreditam que vão conseguir um banco “mais forte e que pode seguir novamente em frente e crescer com confiança”. Os contornos de toda a operação foram, de acordo com fontes ligadas ao processo, discutidos durante o fim de semana, até porque o reforço de capital estava “sujeito a condições de mercado e à aprovação do conselho de administração e do conselho de supervisão”, explicou fonte oficial do banco. Recorde-se que a situação do Deutsche Bank começou a complicar-se ainda mais em setembro do ano passado, quando a instituição bancária recebeu a conta feita pelas autoridades norte-americanas para colocar um ponto final num processo judicial relacionado com títulos hipotecários. Em causa estava então o pagamento de 14 mil milhões de dólares.

Justiça pesa nas contas

Em fevereiro deste ano, o banco explicava que “os resultados para o ano de 2016 foram fortemente impactados pelas ações decisivas da gestão assumidas para melhorar e modernizar o banco, bem como pela turbulência do mercado no que diz respeito ao Deutsche Bank. Provámos a nossa resiliência num ano particularmente difícil. Terminámos 2016 com rácios de capital e de liquidez agradavelmente fortes e estamos otimistas, depois de um início de ano promissor”.

Mas a verdade é que os custos dos processos judiciais em que o banco está envolvido – pelo papel que teve na crise imobiliária iniciada nos EUA em 2007 – contribuíram para dificultar as contas do Deutsche Bank. O anúncio da coima milionária aplicada pelas autoridades norte-americanas colocou o banco em alerta de tsunami, com muitos investidores a recearem que o Deutsche Bank não tivesse capacidade para enfrentar esses custos legais. Com as dificuldades sentidas, os dirigentes do banco ficaram, desde cedo, sob pressão para restaurar a confiança do mercado na instituição. Uma das primeiras garantias que o banco quis dar foi a de que não pretendia realizar nenhum aumento de capital.