Em Alepo há um genocídio consentido e luta-se até ao fim de todas as bombas por um monte de escombros, de onde saem zombies, simulacros de seres humanos tolhidos pela fome e pelo medo. Na Nigéria é avassalador o ritmo dos atentados fundamentalistas, e pouco se dá conta disso através das televisões, talvez porque seja… na Nigéria. No Iraque continua o atoleiro entre ruínas, tal como na Líbia, e em tantas outras pequenas panelas de pressão regionais, que vão assobiando intermitentes, mas que, pela distância, nunca apitam com a estridência que acontece quando o terror visita Paris, Bruxelas ou Frankfurt. E na Coreia do Norte o frio e a fome matam as pessoas.
A Europa é um emaranhado de egoísmos que não sabe olhar para a Turquia, e que parece viver mal na sua pele, inconsequente, volúvel nos estados de alma, e muito incerta quanto ao futuro. A Alemanha continua a não ter assento no Conselho de Segurança da ONU, e o êxodo continua, Mediterrâneo acima, com a tragédia dos refugiados a afigurar-se cada vez mais incerta no final, porque a pós-verdade dos Orban, dos Kaczynsky, dos Boris Johnson, e dos Le Pen, não augura nada de sensato. E como se isso não bastasse, temos agora Trump no concerto das nações, com um tal Tillerson dos petróleos ao leme. E por isso, caros amigos…let’s get down to business! A grande estepe russa sorri tranquila, as coisas assim correm-lhe bem. A China… observa.
Sim, é comovente, a televisão mostra-nos que em Alepo ainda há crianças que conseguem sorrir quando correm atrás de uma bola. Mas esse muito é muito pouco como presépio de Natal.