O conselheiro nacional do PSD e vice-presidente do partido em Lisboa, Rodrigo Gonçalves, desafiou ontem à noite o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, a candidatar-se à presidência da câmara da capital.
“Lisboa precisa de um candidato forte, de um candidato para vencer. O PSD tem esse candidato. Um candidato natural e ganhador. Pedro Passos Coelho seja o nosso candidato e venha ganhar a Câmara Municipal de Lisboa”, lançou o também dirigente da distrital, aplaudido por largas centenas de pessoas, durante um jantar do movimento Lisboa Sempre e que encheu o ginásio do Liceu Pedro V.
Para o dirigente, “os lisboetas nunca perdoarão ao PSD se não apresentar um candidato vencedor, um candidato que conheça o país, que conheça a cidade, um candidato com experiência demonstrada, digno da capital de Portugal”.
Fundador do movimento Lisboa Sempre – criado no seio do PSD de Lisboa e que hoje congrega militantes e independentes – , Rodrigo Gonçalves declarou ainda não ter dúvidas de que “Pedro Passos Coelho é o melhor candidato que Lisboa pode ter”.
“E digo isto com a legitimidade e a sustentação dos números. Nas últimas eleições, em outubro de 2015, Passos Coelho, teve cerca de 40% de votos em Lisboa, deixando o PS para trás a cerca de 4%. A candidatura liderada por Pedro Passos Coelho ganhou no Concelho de Lisboa. Ganhou a todos, inclusive a António Costa”, lembrou.
E prosseguiu: “Estes mais de mil sociais-democratas aqui presentes, juntos a mim pedem a intervenção do líder do PSD, neste que é dos momentos mais difíceis que a cidade de Lisboa alguma vez atravessou”.
A polémica à volta de uma candidatura do PSD à câmara de Lisboa tem estado a agitar o partido nos últimos tempos, em especial depois de Pedro Santana Lopes ter declinado o convite deixado pelo Coordenador Autárquico nacional, Carlos Carreiras, e pelo líder da concelhia, Mauro Xavier.
A divisão de opiniões entre sociais-democratas já tinha conhecido um primeiro episódio quando a líder do CDS, Assunção Cristas, decidiu entrar na corrida à câmara.
Estas situações conjugadas têm levado a divisões qus são públicas no campo social-democrata, com uns a defenderem uma candidatura autónoma do partido, assente num militante com prestígio, outros uma coligação com o CDS e ainda outros mais virados para a escolha recaír num independente de prestígio, apoiada pelo PSD.
Aliás a situação criada com o ‘não’ de Santana Lopes tem levado a uma troca de ‘bocas’ entre militantes, com alguns a acusarem nomes como os de Rodrigo Gonçalves de estarem a preparar com estas propostas “o caminho para uma candidatura de Rui Rio à presidência do partido”. Este dirigente da concelhia, em declarações ao i, rejeitou e considerou que “esse é o cenário que os inimigos de Passos, alguns perto dele, querem fazer passar”.
“Depois da recusa de Santana Lopes, o partido só tem um candidato com perfil para ganhar e esse é Pedro Passo Coelho que tem todo o nosso apoio”, assegurou esta quinta-feira ao i o dirigente.
O encontro juntou mil e duzentas pessoas, num pavilhão cheio, disfarçado de alcatifa preta para o jantar natalício. Estiveram presentes infantes e graúdos, casais de namorados, fatos com gravata e fatos de treino. Entre os presentes na ceia de Natal havia personalidades políticas que se destacaram. Ângelo Correia, que aplaudiu o desafio deixado por Rodrigues Gonçalves, ao contrário do presidente da distrital Miguel Pinto Luz. Presentes ainda, entre outros António Preto, ex-deputado, Luís Alves Monteiro, ex-secretário de Estado do PSD, Moita Flores, e Pedro Rodrigues, do Movimento Portugal Não Pode Esperar, uma plataforma alternativa à atual direção do partido.
Autárquicas não entraram no menu
Responsáveis do PSD contactados pelo i disseram que a resposta ao desafio lançado por Rodrigo Gonçalves ao líder deve ser encontrada nas palavras deixadas por Carlos Carreiras esta semana: Pedro Passo Coelho “é candidato a primeiro-ministro e não é candidato a presidente da Câmara de Lisboa”. Ontem à noite decorreu também o tradicional jantar de Natal do grupo parlamentar do PSD. E se esse jantar, no passado, já serviu para um “que se lixem as eleições”, desta vez as autárquicas não entraram no menu. Passos Coelho mantém-se igual a si próprio: “os nossos princípios não estão no mercado das sondagens”. Mas as autárquicas do próximo ano ficaram fora do discurso.