O então líder do BE, e atual conselheiro de Estado, justificou depois essa falta com a sua intensa agenda de trabalho parlamentar, que não lhe dava qualquer disponibilidade para “salamaleques” (sic). E eis que agora, há uns dias, sendo desta vez Filipe vi de Espanha homenageado pelo parlamento, o BE já não primou pela ausência, antes optando pelo visível acinte do seu desprezo político pelo chefe de Estado espanhol. A justificação incidiria agora, em vez dos “salamaleques”, numa vaga e fugidia afirmação dos seus “profundos valores republicanos”, por oposição à monarquia.
Posto isto, estes fait divers valem o que valem – muito pouco ou nada, em função do seu eco mediático – e neste caso não me parece especialmente relevante a questão (moral) da boa ou má educação dos deputados, já que os atos (políticos) ficam com quem os pratica. Mais preocupante será assim, por contraste, e enquanto cultura política, essa visão algo sui generis, tão pobre quanto redutora, relativamente à fundamentação histórica do ideal e dos valores republicanos, por oposição aos regimes autocráticos e ditatoriais. É que do outro lado da fronteira, o Podemos está legitimamente sentado no parlamento e, tal como ao BE, também lhe assiste o direito de se expressar como muito bem entenda. Só que muito modestamente, e para um bom republicano, saudar e respeitar esse direito será sempre muito mais do que um mero “salamaleque”. Pois.