Ou porque alguém mais desajeitado na verve disse mal o que poderia ter dito de outra forma, ou porque alguém, mais infantilmente e sem pensar, com muita pressa de chegar primeiro, anunciou algo que ainda está em mera gestação, ou porque alguém estulto e com beca na voz faz julgamentos sem beca, ou porque alguém não pensou um bocadinho antes de aceitar convites simpáticos, ou porque há alguém de pin ao peito que só diz mais do mesmo, em estado de negação, e que definha, definha…, a verdade é que, ao fim deste tempo, o tabu de décadas que a democracia quebrou não deu azo a nenhum terramoto demencial, a não ser na cabeça de quem ficou de cabeça perdida, isto é, sem cabeça.
Por mais casos e “petites histoires” que se construam, a verdade é que já vai para um ano a “Pax Romana” que se construiu à esquerda e que viabiliza uma governação de diferente matriz, que se mantém estável e em boa harmonia institucional.
Para lá de uma evidente descompressão na sociedade, e atenta a complicada Europa que somos, não deslustram assim tanto os resultados que se vão tornando públicos ao longo do ano. É a originalidade virtuosa de uma governação improvável que segue, tranquila e prudente, o seu caminho político de legislatura. Diferente de facto, alternativa, e não mera alternância.
A intriga, a fábrica de factos, as conspirações, tudo isso faz e fará sempre parte da política, é adrenalina, virá todos os dias e ainda bem que assim é. Mas mudou o cenário, agora há mais protagonistas e mais largo é o espetro, como maior será o escrutínio, o que só enriquece a qualidade da política. E das políticas.