Alugar um cofre no banco é a solução encontrada por alguns portugueses para guardarem os objetos que consideram valiosos. Além de conseguir impedir roubos, evita outras situações que poderão pôr em causa o seu património, como é o caso de inundações, incêndios ou outras eventualidades. E a instabilidade vivida na banca tem obrigado os investidores a repensar as suas estratégias de aforro e investimento. Daí até alugarem um cofre é só um passo, já que estes começam a ser encarados como uma “alternativa” às contas bancárias ou até mesmo à famosa recomendação de pôr o dinheiro debaixo do colchão. Esta solução é oferecida por alguns bancos, mas exigem algumas condições em troca. É o caso, por exemplo, de uma conta de depósito à ordem na própria instituição. A explicação é simples: desta forma, a instituição financeira cobra diretamente na conta a anuidade do cofre. O certo é que essa exigência implica custos redobrados: por um lado, a anuidade do cofre e, por outro, as comissões da própria conta. “Neste campo estamos a falar de custos de manutenção que podem superar os 60 euros anuais em muitas instituições”, diz Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJá.pt, num estudo disponibilizado ao “SOL”. Mas nem tudo são vantagens. Ao contratar um cofre é preciso ter cuidado, uma vez que os bancos não disponibilizam seguros para os bens depositados. Isto significa que, “caso aconteça algo aos valores guardados – por exemplo, se o banco for assaltado ou se houver um desastre natural que danifique os bens -, o cliente não poderá imputar qualquer responsabilidade à instituição”, alerta o responsável. E o que deve ter em conta? Em primeiro lugar, deve selecionar a capacidade de que precisa. Se optar, por exemplo, por um cofre com mil decímetros cúbicos (dm3) terá de pagar mais, já que esta é uma solução mais dispendiosa (ver quadros).Além disso, de acordo com o estudo, há bancos que oferecem vantagens a quem já é cliente. Daí a plataforma de comparação de produtos e serviços financeiros aconselhar o cliente, “antes do mais, a procurar apurar quais os descontos e benefícios de alugar um cofre num banco onde já possua conta”, acrescentando ainda que “existem casos em que a poupança anual poderá ascender a 62,50 euros, como é o caso dos clientes do Novo Banco que detenham, por exemplo, a conta NB 360, e que pretendam passar a alugar um cofre de 181 dm3 a 1000 dm3 na instituição”.Mas vamos às ofertas disponibilizadas. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) exige obrigatoriamente a abertura de uma conta de depósito à ordem no banco, de forma a proceder aos débitos das respetivas anualidades. Além disso, o banco do Estado não oferece qualquer seguro relativo aos valores que depositaria nos seus cofres. Ou seja, a instituição financeira não tem conhecimento relativamente ao que lá está guardado e, assim sendo, não tem informação suficiente para contratar um seguro.Para um cofre com dimensões entre 751 a 1000 dm3, o valor do aluguer é de 400 euros (ao qual acresce IVA a 23%). A opção económica envolve um cofre com dimensão até 10 dm3 e, aí, o valor do aluguer desce para 42,50 euros por ano (acrescido de IVA a 23%).Visitas são cobradas A CGD exige, no entanto, a celebração de um contrato, em que o cliente tem de pagar 5,25 euros (mais IVA a 23%). Ao mesmo tempo é pedida uma caução de 175 euros que será devolvida na cessação do contrato. Mas para visitar o cofre na Caixa, o depositante terá de pagar cinco euros a partir da segunda visita (ou da terceira, caso usufrua do serviço Caixazul) a cada anuidade.Já o BCP cobra entre 47,5 euros, para um cofre com dimensão até 20,99 dm3, até aos 250 euros para dimensões entre 131 e 300 dm3, acrescidos de IVA a 23%. Também aqui terá de pagar cinco euros sempre que quiser ir visitar e, no caso de ser necessário arrombar o cofre, serão cobradas as despesas caso o motivo seja imputável ao titular. Tal como acontece com a CGD, também o BCP exige uma conta de depósito à ordem no banco e não oferece qualquer tipo de seguro. O Novo Banco não difere muito das soluções apresentadas pelos outros bancos. A instituição financeira também exige conta no banco e não disponibiliza nenhum seguro para cobrir os valores depositados. Mas vamos a números. O valor a pagar anualmente pelo aluguer do cofre será de 250 euros (acrescido de IVA a 23%) para dimensões que vão dos 181 dm3 aos 1000 dm3. Caso a opção seja a solução económica, o custo de um cofre de até 20 dm3 ascende a 50 euros anuais (mais IVA a 23%).No entanto, ao contrário das modalidades anteriores, se o depositante desejar fazer até quatro visitas por ano, não terá de pagar nada. Mas se o fizer entre cinco a 19 vezes já terá de pagar 5 euros por cada deslocação. Se pretender fazer mais do que 20 visitas, o custo ascenderá a 10 euros e a este preço acresce ainda o IVA.O serviço exige ainda uma caução de 100 euros, mas caso o depositante seja titular de uma conta NB 360, da conta NB 100% Gold, da conta Serviço Private ou da conta N.o 1, o Novo Banco oferece um desconto de 25% sobre os valores estabelecidos. Neste caso, o titular do cofre ficaria a pagar 187,50 euros pelo cofre de 181 dm3 a 1000 dm3 e, se optar pelo cofre de menores dimensões, o valor é de 37,5 euros.Dimensões mais curtas O volume máximo que se pode guardar nos cofres no Montepio é entre 101 dm3 e 180 dm3 e o preço anual é de 155 euros (acrescido de taxas de IVA variadas – 18% nos Açores, 22% na Madeira e 23% no Continente). Caso opte pela solução económica do Montepio, o cliente paga 42 euros (mais IVA a 23%) por um cofre de até 10 dm3 .Caso queira visitar o cofre, o cliente terá de pagar uma taxa de 5 euros (mais IVA às diferentes taxas) e, se quiser arrombar, terá de despender 100 euros, acrescidos de IVA. O banco exige ainda uma caução no valor de 150 euros (IVA já incluído) que é devolvida no final, desde que as chaves estejam em boas condições e os pagamentos regularizados. O cliente é também obrigado a ter uma conta de depósito à ordem e não tem acesso a qualquer seguro para os bens depositados.Tal como acontece com o Montepio, também os cofres do Santander Totta têm um limite de dimensão que vai dos 101 dm3 até aos 450 dm3 e custam 175 euros. A este valor acresce IVA a 23%. O cofre de menor dimensão do Santander Totta tem um volume de até 10 dm3 e custa 47 euros (acrescido de IVA a 23%). Ao cliente é exigido ainda o pagamento de caução no valor de 75 euros (mais imposto de selo de 0,6%) e, se precisar de arrombar, terá de pagar 200 euros (mais IVA a 23%). “Pode ter vantagens se já for cliente Santander, uma vez que os titulares da Conta Excellence têm um desconto de 25% nas anuidades”, alerta o estudo do ComparaJá.pt.É exigida uma conta de depósito à ordem na instituição para poder ter acesso ao aluguer do cofre e não tem acesso a qualquer tipo de seguro para os bens depositados – uma característica comum à oferta dos bancos concorrentes. Já no BPI, alugar um cofre de 1842 dm3 tem um custo anual de 848 euros, caso o património depositado seja igual ou superior a 24 939 euros. No entanto, se o valor guardado for inferior, o custo anual ascende a 1696 euros (mais IVA a taxas de 18% nos Açores, 22% na Madeira e 23% no Continente). O banco disponibiliza uma solução mais económica, mas para isso terá de optar por um cofre com uma dimensão que vai até aos 20 dm3 e que custa 12,5 euros por trimestre (50 euros por ano), aos quais acresce IVA a 23%, desde que o património seja igual ou superior a 24 939 euros. Caso opte por guardar património de valor inferior, terá de gastar 100 euros por ano. O cliente terá ainda de pagar uma caução de 130 euros à qual acresce imposto de selo de 0,6%, não sendo o valor referente ao imposto recuperável mais tarde, ao prescindir do cofre. Também aqui não é disponibilizado um seguro em relação aos bens depositados.Critérios a negociar Feitas as contas, se optar por um cofre até mil decímetros cúbicos a melhor oferta recai no Novo Banco – “isto porque, comparativamente com as soluções concorrentes do BPI e da Caixa Geral de Depósitos, se destaca pela sua competitividade na totalidade dos aspetos: custo anual, caução e imposto de selo”, salienta o estudo do ComparaJá.pt.Mas se preferir um cofre de menores dimensões, então a oferta mais competitiva é a do Montepio, embora tenha um limite de espaço: até 10 dm3. “Caso esteja na disposição de pagar mais 5,50 euros por ano para conseguir um cofre com o dobro do tamanho, então o Millennium bcp será a escolha mais competitiva, visto oferecer soluções de até 20,99. Caso se esteja na disposição de pagar mais 5,50€ por ano para se conseguir um cofre com o dobro do tamanho, então o Millennium bcp será a escolha mais competitiva, visto oferecer soluções de até 20,99 dm3 por 47,50 euros anuais”, conclui o estudo. No entanto, há bancos que beneficiam os clientes que pretendam depositar valores elevados. É o caso, por exemplo, do BPI, que oferece um desconto de 50% a quem depositar mais de 25 mil euros. Feitas as contas, para um cofre de 1842 dm3, representará uma poupança na ordem dos 848 euros por ano.

Saiba quanto custa alugar um cofre no banco
A maioria das ofertas exigem que tenha uma conta à ordem e não disponibilizam nenhum seguro para cobrir os bens depositados. Prepare-se para pagar no mínimo cinco euros sempre que quiser visitar