Poucos minutos depois do líder do FBI chamar a Hillary Clinton e ao seu staff dos tempos de secretária de Estado “extremamente desleixados” na proteção de material classificado, a candidata presidencial dos EUA mudou a sua foto de perfil no Facebook, aparecendo de sorriso aberto. A mancha deixada pelas palavras de James Comey compensa o alívio sentido pelo anúncio de que, apesar de tudo, o FBI não recomenda a abertura de qualquer processo criminal contra a vencedora das primárias democratas.
Depois de analisar 30 mil e-mails que Hillary recebeu e enviou em vários servidores que não o oficial do Departamento de Estado e de entrevistar dezenas de testemunhas o FBI concluiu que “nenhum procurador moderado avançaria com este caso”. Mas Comey não deixou de dizer que “há provas que apontam para a conclusão” que Hillary e os seus assessores “deveriam saber que um sistema não classificado não é lugar para ter aquele tipo de conversas”. O responsável confirmou que em “110 e-mails em 52 conversações” foi encontrada “informação que era confidencial nas datas em que foi enviada ou recebida”.
Minutos depois do anúncio (e da troca de foto no Facebook), Hillary reagiu oficialmente através de comunicado: “Estamos muito contentes pelo facto de os agentes que analisaram o caso terem determinado que não é apropriada qualquer ação futura do Departamento de Justiça. Como a secretária sempre afirmou, o uso do e-mail pessoal foi um erro que não voltará a repetir. Estamos felizes por este tema estar agora encerrado”.
É pelo menos essa a perspetiva democrata, que assim vê encerrado o assunto que ameaçava obrigar o partido a escolher um novo nome para disputar com Donald Trump as presidenciais de novembro. Mas, como não poderia deixar de ser, o candidato republicano reagiu rapidamente, mostrando que não vai deixar cair um tema que lhe pode render votos: “O diretor do FBI disse que a velhaca Hillary comprometeu a nossa segurança nacional. Não há acusação. Wow! #sistemaviciado”, escreveu no Twitter. Noutra mensagem na mesma rede social, Trump voltou a dizer que “o sistema está viciado”, lembrando que o “general Petraeus teve problemas por muito menos”. “Muito injusto, como habitual”, considerou o republicano.
