Champions. Ronaldo não joga futebol de Salah

Champions. Ronaldo não joga futebol de Salah


O que o egípcio desperdiçou, o português aproveitou e fez jus ao título de melhor goleador de sempre da prova


James Pallota foi o único a acreditar e foi ele quem disse aquilo que toda a gente tinha medo de dizer. “Acredito que será possível garantir a qualificação. Vamos ganhar ao Real Madrid por 3-0. É o resultado que precisamos", disse  o presidente da Roma à partida para Madrid. Enlouqueceu?

Depois da derrota por 0-2 no primeiro jogo dos oitavos-de-final, com golos de Ronaldo e Jesé, a eliminatória parecia arrumada para os romanos. Mas não para todos os romanos. Pallota tinha fé. E fez bem.

Mohamed Salah podia ter dado razão ao homem mais crente de toda a Itália. O egípcio teve dois golos nos pés que fez gelar o Santiago Bernabéu, mas destruiu todas as esperanças, até do mais crente dos homens. A somar a este desperdício juntou-se Edin Dzeko, que também falhou o que não costuma falhar. E julga-se que isto ficou por aqui?

Só de uma assentada a Roma teve três oportunidades seguidas no segundo tempo: Florenzi obrigou Navas a uma grande defesa, depois no canto a cabeçada de Keita saiu perto do poste e de novo Navas – agora a remate de Manolas – a negar os festejos a James Pallota. O que se passou?

O domínio romano estendeu-se por todo o relvado de Madrid, que só era interrompido a espaços com os tiros de canhão de – adivinhe-se – Ronaldo. Sempre ele. Claro que a estatística ia dando razão ao Real: há vinte jogos seguidos que a Roma sofre golos nos encontros fora de casa para a Liga dos Campeões, é a quinta pior série de sempre. Era então uma questão de tempo para CR, Bale, James e afins?

Claro que era. E seria Ronaldo a dar provas da frieza dos números. Desta vez fez de ponta-de-lança, intrometeu-se entre o guarda-redes e o defesa e meteu-a lá dentro. Nada que supreendesse o melhor marcador de sempre da Champions: leva 13 golos nesta edição e soma 90 no total. Nesta época em todas as provas leva 40 golos (é a sexta temporada seguida a marcar 40 ou mais golos). Era preciso mais?

OK, ele tinha mais para dar. O português assistiu James para o 2-0. O Real, ao fim de oito eliminatórias na Europa a ser afastado por equipas italianas, conseguiu sair vivo. Ainda deu para Totti entrar, juntamente com Jesé: quando o italiano se estreou pela Roma (28 de março de 1993) o espanhol tinha 30 dias de vida. Jesé tinha marcado em Roma, saiu a festejar a vitória agora em Madrid. A muralha romana tinha ruído de vez. E a fé de James Pallota também.