O custo de um casamento tradicional – com direito a copo-de-água, noite de núpcias e lua-de-mel, entre muitas outras despesas – para cem pessoas ronda em média 23 mil euros. A conclusão é de um estudo realizado pela plataforma de simulação de produtos financeiros ComparaJá.pt.
Segundo a tradição, são os pais da noiva a suportarem esta despesa mas, como a tradição já não é o que era, há cada vez mais casos de recurso a um crédito pessoal. De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, em dezembro do ano passado foram celebrados mais de 34 mil contratos de crédito pessoal (sem finalidade especifica), o que representou um aumento de 4,5% face ao período homólogo. Já em relação ao montante, traduziu-se em 193 174 milhares de euros.
Mas esta será a melhor solução? De acordo com a mesma plataforma, o crédito pessoal é ideal para casais financeiramente estáveis. Ou seja, devem ser autossuficientes e apresentarem uma folga orçamental para suportarem este custo extra. “Nestes casos é fácil de lidar com as responsabilidades que um novo empréstimo acarreta”, revela a empresa.
Mas para que o crédito pessoal seja aprovado é necessário cumprir determinados requisitos. Ter um histórico de crédito saudável, emprego estável, pouca ou nenhuma dívida e um fundo de emergência robusto são algumas das exigências pedidas. “Quem se encontrar nestas circunstâncias estará bem posicionado para pagar com sucesso e sem percalços a dívida. Além disso, aumentará as probabilidades de alcançar uma melhor negociação com a instituição bancária, nomeadamente através de prazos de pagamento mais flexíveis ou de taxas de juro mais baixas, especialmente se já for cliente do banco em questão”, salienta a plataforma.
Como escolher? Deve ter em conta a taxa de juro que irá pagar. A fórmula é clara: em vez de procurar a taxa anual nominal (TAN) mais baixa, deve tentar encontrar a taxa anual efetiva global (TAEG) mais reduzida. A explicação é simples: esta última opção contém todos os encargos (juros, comissões, impostos, seguros de crédito e outros) incluídos no custo do crédito.
Além de examinar a TAEG e outras comissões, certifique-se de que sabe se está isento de algumas taxas ou se pode beneficiar de ofertas de adesão que amenizem a mensalidade que vai pagar. Não se esqueça que a taxa de juro aumenta na mesma proporção que aumentar o prazo de pagamento.
Montante máximo a pedir Não há nenhum teto máximo mas, dependendo do historial de crédito e das políticas internas da instituição financeira, há casos em que é possível pedir até 50 mil euros. “Certamente que para este montante mais elevado vai precisar de, pelo menos (e parece-nos razoável que assim seja), cinco anos (54 meses) para liquidar a dívida”, salienta a plataforma.
Feitas as contas, para um crédito de 50 mil euros a pagar durante este tempo, a mensalidade a pagar andará em torno de 1200 euros por mês (mesmo com a TAEG a variar entre bancos). E aí é que começam os cuidados redobrados, já que este montante não poderá ultrapassar a taxa de esforço do agregado familiar.
Obstáculos na concessão A verdade é que esta opção de financiamento através do crédito pessoal não se adequa a todos os casos. E se já tem alguns créditos, é pouco provável que seja concedido outro, porque os bancos calculam a taxa de esforço dos seus clientes de modo a aferir se o beneficiário vai ou não conseguir fazer face a todas as mensalidades.
Mas vamos a contas. Para quem recebe um ordenado líquido de 1200 euros e paga 400 euros de prestação de casa e mais 200 euros de crédito automóvel, se for pedir um crédito pessoal no valor de 15 mil euros a pagar, durante cinco anos, cerca de 340 euros mensalmente, teria uma taxa de esforço de aproximadamente 78%, tendo em conta o montante disponível para fazer face às despesas. “Nestas condições, não conseguiria pedir o empréstimo. O aconselhável, sempre, é que a sua taxa de esforço seja de cerca de 60%”, salienta a plataforma.
Para quem está nesta situação, o melhor é solicitar um crédito consolidado, agregando todos os créditos num só. Esta solução permite garantir uma mensalidade mais baixa e uma extensão do prazo de pagamento. “Se juntar o crédito para o casamento ao da habitação e ao do automóvel num só pacote, o valor da sua prestação diminui (embora o prazo de pagamento se estenda) e a sua taxa de esforço diminui também. Vai ter de negociar com o seu banco ou procurar outro que lhe faça este produto. Se conseguir que a sua taxa de esforço diminua de 78% para 60%, então vai conseguir pedir o crédito para casar por via da modalidade consolidada”, conclui a organização.