Mar da China. Mísseis perturbam equilíbrio na região

Mar da China. Mísseis perturbam equilíbrio na região


A China diz que está a defender o que é seu, mas os seus vizinhos – nomeadamente Taiwan – discordam.


Taiwan acusou ontem a China de ter colocado mais de uma dezena de lançadores de mísseis ar-terra e um radar numa pequena ilha no Mar da China Meridional, no Pacífico.

A ilhota é controlada por Pequim desde 1956, mas é disputada precisamente por Taiwan e pelo Vietname. A ilha de Yongxing, em chinês, é a maior do arquipélago das Paracel e tem um grande significado estratégico, além de estar localizada numa zona rica em recursos a meio de um triângulo que inclui a China, o Vietname e as Filipinas.

A notícia foi confirmada pela cadeia de televisão norte-americana Fox News, que mostrou imagens de satélites onde aparece o armamento estacionado na costa da ilha. Segundo relatos, os mísseis terão um alcance de cerca de 200 quilómetros.

Outras imagens recentes davam nota de que Pequim está a dotar a ilha de novo equipamento que pode ser usado para fins militares, como uma base de helicópteros que parece inserida num complexo anti-submarinos.

Um navio da armada dos EUA navegou nestas águas, sem autorização há duas semanas, o que um porta-voz do ministro da Defesa de Pequim considerou “uma provocação deliberada”. Agora é Tsai Ing-wen, a presidente eleita de Taiwan, que afirma que se está perante uma “situação tensa” que exige “ponderação de todas as partes envolvidas”. E à “AP”, o comandante da frota americana no Pacífico não confirmou a presença dos mísseis mas considerou que, “ a ser verdade, a notícia pode indicar uma militarização do mar da China Meridional o que vai no sentido oposto das declarações do presidente chinês”.

Mas o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, que está numa visita oficial à Austrália, desvalorizou o sucedido, acusando “certa” imprensa internacional de ter fabricado o incidente. “Acreditamos que é uma tentativa de certa imprensa internacional de criar notícias “afirmou Wang Yi, que optou antes por chamar a atenção para as obras que Pequim tem promovido no território, como faróis ou equipamentos de busca e salvamento. “São empreendimentos que a China, sendo o maior Estado litoral no Mar da China Meridional, se comprometeu a fornecer à comunidade internacional, desempenhando o seu papel positivo na região”.

A verdade é que as infraestruturas que está a construir nestas ilhas, quer civis quer militares, são qualificadas pelos seus vizinhos – e aliados ocidentais – como manobras de Pequim para assumir o controlo de toda esta parcela do Pacífico. O que Wang não desmente, já que considera que este tipo de equipamento é “consistente com o direito de autopreservação e autoprotecção a que a China tem direito à luz do direito internacional”. “Não deveria haver qualquer dúvida sobre o assunto”, considera.

A MNE australiana, Julie Bishop, pediu uma solução pacífica para conflito sobre a soberania territorial na região, nomeadamente através da arbitragem – o que é reclamado pelas Filipinas. Wang Yi negou, defendendo que a China apenas está a “respeitar a lei”.

 O argumento é antigo – já em 2006 Pequim afirmou que não iria aceitar arbitragem relativamente à soberania territorial e aos direitos marítimos, alegando a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. “O governo chinês irá seguramente manter a sua posição” afirmou o ministro chinês. E acrescentou que outros 30 países fizeram idênticas declarações.

teresa.oliveira@ionline.pt