Três projetos dos sete portugueses que se encontravam entre os finalistas do Prémio Edifício do Ano 2016, promovido pela plataforma Archdaily, dedicada à arquitetura, são os vencedores nas categorias de hospitalidade, arquitetura pública e remodelação. O Cella Bar, nos Açores, do ateliê FCC Arquitetura e Paulo Lobo, ganhou a categoria de hospitalidade; a Cozinha Comunitária Terras da Costa, na Costa da Caparica, da responsabilidade do ateliermob e do Coletivo Warehouse, venceu a categoria de arquitetura pública; e a Casa de Guimarães, de Elisabete de Oliveira Saldanha, saiu vitoriosa na categoria de remodelação.
Nesta sétima edição do prestigiado prémio internacional, atribuído por votação do público desta plataforma especializada em arquitetura, estiveram em análise mais de 3 mil projetos de todo o mundo. Depois de uma primeira votação foram selecionados 70 projetos, em 14 categorias diferentes, contando-se sete projetos portugueses entre os finalistas.
Na votação final, que envolveu mais de 55 mil pessoas de todo o mundo, foram escolhidos os premiados, entre os quais os três portugueses.
No site do ateliermob, vencedor do Prémio Edifício Público de 2016, pode ler-se: “A Cozinha Comunitária foi eleita Edifício Público de 2016. Mais do que o reconhecimento do ateliermob, do Coletivo Warehouse, de todas as pessoas que se foram juntando na construção desta cozinha, da comunidade ou do município, cremos que o que foi distinguido foi a capacidade que a arquitetura tem de melhorar a vida das pessoas. Mas este trabalho só ficará concluído quando a cozinha puder ser desmontada e as suas torneiras deixarem de ser necessárias para abastecer aquela população. Este trabalho só será bem-sucedido quando as mais de 300 pessoas que habitam nas Terras da Costa estiverem a viver numa habitação digna, como a Constituição da República prevê, com água, esgotos, luz e tudo a que têm direito.”
Na última terça-feira, quando soube que o projeto da cozinha comunitária estava nomeado entre os cinco finalistas da categoria Arquitetura Pública, Tiago Mota Saraiva, do ateliermob e colunista do i, declarou: “Nos anos em que a iniciativa pública não existiu temos uma forte presença”, disse ao “Diário de Notícias”, sublinhando o facto de estarem três portugueses entre os finalistas. Mota Saraiva destacou o facto de a cozinha já estar pronta, mas ainda haver um projeto de realojamento para fazer. O bairro onde foi construída tem cerca de 300 pessoas, entre campos agrícolas, e foi ocupado há 40 anos. Em 2012 não havia água – iam buscá-la a um quilómetro, e era essa uma das principais reivindicações desta comunidade. O processo de envolvimento da população na planificação e construção da cozinha comunitária é uma das principais qualidades do edifício. Ele resulta de um processo participado em que a arquitetura se cruza com a cidadania e o dar poder às pessoas.
Com o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, infraestruturas da Câmara Municipal de Almada e a parceria com o Coletivo Warehouse, o projeto ficou pronto em dezembro de 2014.
Fundada em 2008, a Archdaily é uma plataforma online de informação e divulgação da arquitetura, com base em Nova Iorque, que contabiliza 350 mil visitas diárias e atribui anualmente este prémio a projetos que se destacam pela inovação espacial, social, material e técnica.
O júri avaliou cerca de três mil propostas, de 18 mil arquitetos espalhados por todo o mundo. O denominador comum destes projetos, dizem, é que “capturam a capacidade de operar uma mudança positiva no ambiente”.
A votação dos vencedores do prémio Edifício do Ano 2016 decorreu até segunda-feira, 8 de fevereiro, e o anúncio dos vencedores foi feito hoje no site da internet da Archdaily.