BPI. CMVM pede esclarecimentos sobre negócio com Isabel dos Santos

BPI. CMVM pede esclarecimentos sobre negócio com Isabel dos Santos


Regulador do mercado de capitais avalia se existem motivos para novos esclarecimentos, depois de se multiplicarem notícias da Unitel e da Oi.


A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pediu esclarecimentos ao BPI, depois de algumas notícias da Unitel e Oi sobre o negócio proposto pela empresária angolana Isabel dos Santos terem deixado dúvidas ao regulador do mercado de capitais. Em causa está a eventual compra de 10% do Banco de Fomento de Angola (BFA) pela Unitel, de Isabel dos Santos.

Esta situação coloca o BPI numa situação complicada, já que as novas negras do Banco Central Europeu (BCE) obrigam a reduzir a exposição a países como Angola. Mas o BPI detém neste país a maioria do capital do BFA.

O pedido de esclarecimento da CMVM chega ao banco numa altura em que se trocam argumentos entre a sociedade da empresária angolana e a brasileira Oi, que é manifestamente contra a operação.

No fundo, o regulador do mercado de capitais pretende saber se houve ou não novos passos na operação que foi proposta por Isabel dos Santos. 

De acordo com o “Jornal de Negócios”, caso não existam novos dados, existe a possibilidade de o regulador considerar que não há esclarecimento a dar. Já na hipótese contrária poderá existir a obrigação de serem dadas novas informações ao mercado.

Recorde-se que a Unitel avançou com uma oferta de 140 milhões de euros por 10% do Banco de Fomento de Angola (BFA) que são detidos pelo BPI. Caso a proposta seja aceite, a empresa angolana passará a assumir o controlo desta instituição financeira. Esta é a resposta de Isabel dos Santos à proposta do BPI de avançar com a separação dos ativos africanos. 

“A Unitel encontra-se disponível para iniciar imediatamente um processo de negociação com vista à celebração dos contratos no mais curto espaço de tempo”, revelou no início do mês, em comunicado, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A empresa de Isabel dos Santos mostrou-se descontente com a posição de separação de ativos que o banco liderado por Fernando Ulrich vai submeter aos acionistas numa assembleia-geral convocada para o próximo dia 5 de fevereiro e acena com “uma proposta firme para a compra e venda e para a revisão do acordo parassocial”.

Proposta avançada pela Unitel O Banco BPI comprometeu-se no início deste mês a analisar a proposta apresentada pela Unitel, que oferece 140 milhões de euros por 10% do capital do Banco de Fomento de Angola, o que permitira à operadora de telecomunicações angolana passar a deter a maioria do capital. “O conselho de administração do Banco BPI irá agora analisar as propostas apresentadas por V. Exas. e transmitir-lhes-á a sua posição sobre as mesmas logo que tal análise se encontre concluída”, revelou na altura em comunicado à CMVM. 

Recorde-se que a 3 deste mês, dia em que foi avançada a proposta da Unitel, a empresa de Isabel dos Santos criticou a opção do BPI de avançar com o projeto de cisão do BFA sabendo de antemão da sua oposição.

Nesta altura, Isabel dos Santos fez saber que chegou mesmo a considerar “desrespeitoso que o Banco BPI, tendo um processo negocial em curso com a Unitel, tenha decidido abandonar esse processo, aprovando a solução que sabe não ser aceite pelo seu parceiro no BFA”.

Recorde-se que no dia 23 de janeiro, a PT Ventures, empresa através da qual a Oi tem 25% na angolana Unitel, sublinhou que é preciso ter em conta uma decisão judicial em Paris que impede que a Unitel compre ou venda ativos, o que faz com que, no seu entender, não possa comprar 10% do BFA ao BPI.