Só Rafa é um treinador solitário. E para o fim, cada vez mais só. No último jogo em Valência, para o campeonato, que terminou empatado 2-2 e terminou também com o seu reinado em Madrid, há um momento que ficará como a imagem da sua passagem pelo clube blanco. No segundo golo do Real, apontado por Bale perto do fim do jogo e que deixava a equipa em vantagem, todos os jogadores foram ao banco festejar. E celebraram entre eles – todos excepto um, longe: Rafa.
Seca de CR Cristiano Ronaldo leva 25 golos esta temporada. Na Liga é o segundo melhor com 14 golos, os mesmos que Neymar e menos um que Luis Suárez. Na Champions tem o recorde de golos numa fase de grupos, 11. Mas o português, ainda Bola de Ouro, falhou num capítulo essencial, e crucial para a manutenção da equipa e a manutenção de Benítez no topo – nos jogos grandes. O camisola 7 ficou em branco com o Barcelona, Atlético, Athletic, Valencia, Sevilha e Villarreal. Na Liga dos Campeões fez o mesmo com o PSG. E desses confrontos, o Real só ganhou 2 dos oito jogos. Fatal… para Rafa.
A hora de Zizou Pouco mais de um ano e meio depois de se ter iniciado na carreira de treinador, o adjunto de Ancelotti e treinador principal do Real Madrid Castilla, vai sentar-se no banco de Benítez. Assumiu a direção desportiva do Real em 2011 antes de Pérez lhe dar o comando da equipa satélite. Herói da Taça dos Campeões de 2002 e vilão pela França com a cabeçada a Materazzi na final do Mundial 2006, apresentou-se ontem num castelhano irrepreensível e com um madridismo imaculado.
Melhor média Foi apresentado há 214 dias. Na altura, adepto confesso do Real Madrid, vieram-lhe as lágrimas aos olhos. No discurso, com a voz embargada, soltou as palavras do costume, mas aquelas de ser madridista de pequeño. Não foi suficiente. 18 jornadas depois, quatro empates e três derrotas (uma delas demasiado dolorosa ante o Barcelona em casa, 0-4, perto da manita), ditaram o fim da linha. Mesmo assim sai de Madrid com a melhor média de pontos da carreira, 2,29 por jogo. Superior ao anterior melhor, 1,96 com o Chelsea. Mas atrás de Mourinho no Real, com 2,30 pontos.
A máquina de triturar treinadores Desde que chegou à presidência naquele verão de 2000, mudou 10 vezes de treinador em 12 épocas. Desde Del Bosque, o actual selecionador da Espanha, passando por Mourinho (o único a sair pelo seu próprio pé), até Benítez. Vicente del Bosque (2000-2003), Carlos Queiroz (2003-2004), José Antonio Camacho (2004), Mariano García Remón (2004), Wanderlei Luxemburgo (2004-2005), Juan Ramón López Caro
(2005-2006), Manuel Pellegrini (2009-2010), José Mourinho (2010-2013) e Carlo Ancelotti (2013-2015).
Desconfiança A eliminação da Taça do Rei (devido à utilização de Cheryshev, um jogador que não podia jogar), as derrotas com rivais diretos (Sevilha, Villarreal e Barcelona), um jogo de equipa ainda mal definido, a constante desconfiança da direção (Pérez disse há duas semanas estar à procura de uma solução), o desagrado dos jogadores e dos adeptos, que foram usando as redes sociais para fazerem um cerco ao treinador. Derrotas, assobios e uma eliminação que em Espanha chamam de ridícula. Isto tudo em sete meses.