A decisão de subir as taxas de juro nos Estados Unidos tem efeitos cambiais relevantes, com impacto no comércio externo português. Com o sentimento de que a economia americana está a recuperar, a procura pelo dólar aumenta e provoca a valorização da moeda norte-americana face a outras divisas, como o euro.
Esta oscilação é boa para os exportadores nacionais, que ganham competitividade, mas é má para as importações, que ficam mais caras.
Os mercados festejaram a decisão da FED. As bolsas fecharam ontem em alta, com o impulso das empresas exportadoras. O alemão DAX teve a subida mais expressiva (2,5%), com a previsão de que o poderoso sector exportador germânico vai beneficiar do euro mais fraco.
Como era esperado, o dólar valorizou ontem, com o euro a perder valor face à moeda norte-americana. Cada moeda de euro vale agora 1,08 dólares.
A desvalorização da moeda única deverá ser positiva para as exportações nacionais, uma vez que os produtos portugueses ficam mais baratos, quando comparados com produtos vendidos em dólares.
“São boas notícias para os exportadores da Zona Euro, que vão beneficiar de um aumento da competitividade, especialmente face aos Estados Unidos, o principal parceiro comercial da área da moeda única”, defende Enrique Diaz-Alvarez, diretor de risco da Ebury.
Claro que há o reverso da medalha. A desvalorização do euro torna também os produtos importados mais caros, se forem cotados na moeda norte-americana. Os preços do petróleo, por exemplo, são estabelecidos em dólares nos mercados internacionais, pelo que a compra desta matéria-prima deve encarecer.
Os reflexos poderão verificar-se no preço dos combustíveis, mas mesmo assim poderá haver aqui efeitos positivos para a economia da Zona Euro, admite Enrique Diaz-Alvarez. Numa economia europeia está com a inflação em baixa – o risco de deflação é há muito uma ameaça – “o custo mais elevado das importações ajudará a puxar a inflação para o objectivo de longo prazo do BCE”.