A porta-voz do BE, Catarina Martins, considerou este sábado a venda da TAP como uma nova parceria público-privada, sublinhando que se houver prejuízo o Estado terá de pagar "mais uma vez aos privados uma renda".
"A venda da TAP é uma não venda, é uma renda, é uma PPP [parceria público-privada], é um 'todo o risco para o público, todo o lucro para o privado' e, se correr mal, no fim quem manda é a banca", afirmou Catarina Martins, numa intervenção numa acção de pré-campanha da candidata do BE às presidenciais, Marisa Matias, em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures.
Referindo-se à notícia do semanário Expresso que revela que o risco de a dívida da TAP não ser paga aos bancos ficou do lado do Estado, com as instituições bancárias a ficarem com o poder de renacionalizar a transportadora aérea, a porta-voz do BE acusou o governo "zombie" de Pedro Passos Coelho de ser "uma porta giratória de negócios".
"Ficámos a saber que este Governo zombie, que achou por bem já depois de demitido assinar o contrato de venda da TAP, assinou um contrato que, ao mesmo tempo que vende, é fiador das dívidas e garante que se houver lucro o privado ficará bem, mas que se houver prejuízo, o Estado cá estará outra vez para pagar mais uma vez aos privados uma renda, para pagar mais uma vez prejuízos", resumiu.
Catarina Martins lembrou que, pelos vistos, embora se dissesse que não se podia pôr dinheiro público na TAP porque a União Europeia não deixava, "se for para pagar os prejuízos que os privados venham a ter" já é possível fazer isso.
Numa curta intervenção, antes do discurso de Marisa Matias, a porta-voz do BE voltou ainda a falar da questão da devolução da sobretaxa do IRS, insistindo na acusação de que o Governo mentiu durante a campanha eleitoral para as legislativas quando prometia a devolução de 35% do imposto.
"A propaganda da sobretaxa sempre foi uma propaganda insultuosa à inteligência de todos nós. Agora sabe-se que não vai sequer ser devolvida. É, se calhar, só o corolário lógico de uma direita que nunca soube fazer mais nada do que mentir, mentir, mentir", frisou.
Lusa