O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, ouviu dos seus parceiros europeus “preocupações pela incerteza da evolução económica que o país irá ter” durante os dois dias da cimeira euro-africana sobre migrações, que terminou esta quinta-feira em La Valletta.
O chefe da diplomacia afirmou ter havido “uma manifestação de solidariedade, em alguns casos, política e noutros casos uma solidariedade natural de camaradagem que une as pessoas e do trabalho feito em comum”, no âmbito do chumbo do programa de Governo da coligação PSD-CDS/PP pelos partidos de esquerda, que somam a maioria no Parlamento.
Aos jornalistas, Rui Machete acrescentou que o “traço comum” das reacções foi a “preocupação pela incerteza da evolução económica que o país irá ter”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, “lamentou apenas”, relatou Rui Machete, que acrescentou que o primeiro-ministro grego, Alexis Tspiras, ao lado de quem entrou para a sessão inaugural da cimeira, lhe perguntou “como estavam as coisas em Portugal”.
“Eu fiz-lhe uma descrição objectiva, porque, provavelmente não teremos as opiniões idênticas, sobre os mecanismos institucionais que estão a ser aplicados e que disciplinam o que até agora aconteceu”, afirmou Machete, referindo que entre os dois se “comentou a rapidez na Grécia e a demora nas negociações em Portugal”.
Na sua visão pessoal sobre os acordos feitos pela esquerda para sustentarem um Governo do PS, o ministro do Governo agora em gestão, notou terem existido “declarações extremamente vagas resultantes de umas negociações que duraram muito tempo, mas produziram muito pouco”.
“Mas não posso, com os elementos que tenho, estabelecer juízos muito seguros acerca do caminho (que um novo Governo poderá seguir”, disse o ministro, resumindo que as “medidas a curto prazo previstas aumentam bastante a despesa e diminuem a receita, portanto, não são muito promissoras quanto à estabilidade económica e financeira futura”.
A moção de rejeição do PS ao Programa do XX Governo Constitucional foi aprovada na terça-feira com 123 votos favoráveis de socialistas, BE, PCP, PEV e PAN, o que implicou a demissão do executivo PSD/CDS-PP.
A moção de rejeição do PS teve 107 votos contra provenientes da totalidade dos deputados das bancadas do PSD e do CDS-PP.
A rejeição do Programa do Governo exige o voto de uma maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções, ou seja, pelo menos 116 parlamentares e, segundo o artigo 195.º da Constituição, implica a demissão do executivo, que se manterá em gestão até à posse de um novo Governo.
Lusa