Crescia assim, ao longo dos anos, a sua relação com o meio natural. As imagens trazidas pelos documentários, revistas e livros de vida selvagem e vida ao ar livre, conduziram-no a duas outras paixões que foram crescendo sem que desse por isso: a fotografia e as viagens. Por mais viagens que tivesse feito, em 2010 saiu sozinho para percorrer a pé os mais de 800km do Caminho Francês de Santiago, e foi nesta experiência humana de um mês, que aprendeu dois dos lemas mais presentes na sua vida: “O melhor do mundo são as pessoas!” e “A vida é bela de mochila às costas!”. Alargou os seus horizontes pela Tailândia, Laos e Camboja; apaixonou-se duas vezes pela Islândia e sentiu entranhar-se em si o leve leve de São Tomé e Príncipe quando foi fotografar para o Manual de Educação Ambiental da 8ª Classe. Adora fotografia, pessoas e roadtrips, mas apaixona-lhe conhecer o mundo a pé.
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Bernardo Conde – um dos mais recentes líderes Nomad – responde agora às perguntas do colega e líder Nomad Mateus Brandão.
Diz-se por aí que ser líder Nomad é uma das melhores profissões do mundo. Quão sortudo te definirias?
Ainda que tenha chegado há relativamente pouco tempo, posso já dizer que ser líder Nomad tem superado todas as minhas expectativas. Quando juntas pessoas geniais, viagens incríveis a locais inesquecíveis, o resultado só pode ser grandioso. Torna-se difícil quantificar a sorte que temos. A possibilidade de viajar e partilhar essa experiência em grupo, conhecer novas pessoas e fazer amigos com a mesma paixão pelo mundo, tornam tudo numa experiência riquíssima, a que se junta o facto da Nomad possuir um espírito de acolhimento e de partilha de ideias que se traduzem num mind setting de curiosidade pelo mundo nas suas mais diversas dimensões – incluindo a solidariedade humana e responsabilidade ambiental. É uma equipa que procura inspirar a viajar e conhecer o mundo. Por tudo isto, colaborar com a Nomad torna-me de facto um pouco sortudo.
Qual a coisa que mais aprecias na humanidade?
O espírito de partilha e de ajuda que surge tão facilmente entre estranhos quando viajamos ou quando visitamos locais remotos.
E que ‘qualidade pessoal’ tens esperança de sair reforçada com as tuas viagens?
A capacidade de partilhar o meu olhar sobre o mundo, a capacidade de entender melhor a humanidade.
Qual o sentido que mais te é despertado quando estás em viagem?
Sem dúvida a visão.
Qual a tua estação do ano preferida e onde?
O verão na Islândia.
Dirias ser esse o teu lugar de eleição ou de todos os sítios por onde tens passado, onde não te importarias de viver e porquê?
Atualmente, quando penso em sítios onde gostasse de viver, vejo-me a dividir o ano entre a Islândia e São Tomé e Príncipe, vindo a Portugal nas festas. Gosto do ritmo de vida nestes países tão distintos. Quer num quer noutro, a vida é levada tranquilamente, quase ao sabor da natureza. Enquanto na Islândia a paisagem quase ártica nos convida a contemplar a brutalidade da paisagem – com pastos verdes, quedas de água, glaciares e os seus lagos – temos ainda uma população culta e aberta aos outros como uma mais valia. Num outro Atlântico surge São Tomé e Príncipe, onde se pode obter a mesma tranquilidade entre floresta tropical, montanha e praias que nos encantam. Aqui, a gastronomia e a simpatia das pessoas fazem-nos sentir em casa desde que o momento em que chegamos.
Qual a última fotografia que tiraste com o teu telefone?
Terá sido na estação de comboios de Florença, em Itália, no momento final da minha participação num blog tour. A azáfama multicultural estava a pedir uma fotografia.
GoPro, analógico ou digital? P&B, sépia ou cor?
Sou fã do analógico, mas nos dias que correm praticamente só fotografo com digital. Uso a cor, o mundo das viagens é tão cheio de cores e contrastes que seria um desperdício não potenciar isso nas imagens.
Tendo em conta a diferença de alcance, se só pudesses ver através de uma das tuas lentes, qual escolherias?
A minha 24 mm, porque me dá a possibilidade de olhar as grandes paisagens e ao mesmo tempo que me permite aproximar dos temas que pretendo fotografar, captando os momentos de forma mais íntima.
Quais os últimos 3 livros que leste?
Um trio de Luís Sepúlveda: “O Velho que Lia Romances de Amor”; “Patagónia Express” e o incontornável “A história da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”.
Alain de Botton escrevia sobre ‘a arte de viajar’. Partilhas dessa opinião de que viajar pode ser uma arte?
Concordo no sentido em que viajar nos leva a pôr em prática o sentido estético de vivermos e experimentarmos a vida. Apela à nossa criatividade e imaginação sobre o destino, a forma de prosseguir caminho, de encontrar soluções e resolver inesperados. Viajar torna-se uma arte que se aprimora a cada viagem, no descobrir, no saber estar no mundo, no desenrasque e na abertura aos outros.
Quando tiveres 80 anos, o que contarás aos teus filhos?
Depois de ter sentido o orgulho que as crianças têm em ir à escola em países onde as escolas não têm condições, ou onde têm de caminhar várias horas para lá chegar – como em São Tomé ou no Laos -, diria-lhes que apreciem todas as formas de aprender e sobretudo a escola. A escola abre portas e alarga horizontes. E ainda que devem viajar o mais que puderem, e o mais devagar que puderem. Que devem viajar de muitas formas, mas sobretudo a pé e calcorrear mundo assim: com calma, enriquecendo com as histórias das pessoas que se cruzam o nosso caminho. Porque afinal de contas, o melhor do mundo ainda são as pessoas.
Artigo escrito por Mateus Brandão ao abrigo da parceria entre a Agência de Viagens de Aventura Nomad (www.nomad.pt) e o Jornal i.