A actriz Anabela Moreira passou mais de um ano a filmar a vida de portugueses em Trás-os-Montes, para um projecto do realizador João Canijo. Registou o dia-a–dia de várias pessoas, sobretudo mulheres, em vilas, aldeias e lugares de Trás-os-Montes, como Podence, Vila Nova de Foz Côa, Grijó e Vila Flor.
Dessas gravações nasceu o documentário, “Portugal – Um dia de cada vez”, que se estreou na última edição do DocLisboa, com problemas de som, que desde logo o realizador, presente na estreia, assinalou, atribuindo-os às condições técnicas da sala (o auditório principal do cinema São Jorge). Não fossem as legendas (em inglês, naquele caso) e parte dos diálogos não seriam suficientemente audíveis para serem entendidos, apesar de se tratar de um documentário em português.
No filme, mostram-se tradições peculiares dos lugares por onde se vai passando, os bailaricos, mas também o isolamento dos idosos, nas aldeias quase desertas do interior, a emigração e a imigração contadas na primeira pessoa.
A política, com críticas recorrentes, mistura-se com as personagens das novelas, no dia-a-dia das pessoas retratadas. Procura-se o retrato de um país dentro de outro país, através de um olhar circunscrito a uma região, tentando não se caricaturar, ainda que essa intenção pareça mais óbvia nuns segmentos no que outros.
A duração do documentário acaba também por anular a mais valia que a limitação regional oferece: dar espaço para que os testemunhos e as situações apresentadas respirem.
“Portugal – Um dia de cada vez”
*****
De Anabela Moreira e João Canijo