Foi um jogo atípico tal como há uma semana na Luz. Mas em Aveiro, ao contrário do que se tinha passado contra o Sporting, o Benfica marcou primeiro. A falta de confiança que arrasou qualquer reacção no dérbi nunca foi um problema contra o Tondela graças ao golo de Jonas no quarto minuto. A pressão que pudesse existir pela obrigação de dar resposta a um resultado negativo saiu de cima dos ombros dos jogadores e o 2-0 aos onze minutos, depois de um autogolo insólito de Markus Berger, garantiu a noite tranquila. As cabeças, incomodadas pela eficácia de TeoGutiérrez, Slimani e Bryan Ruiz, funcionaram melhor e fizeram um jogo confortável.
Não foi tudo perfeito. O resultado é animador mas o futebol voltou a mostrar sinais preocupantes que o Tondela não soube ter arte para aproveitar. O recém-promovido foi o adversário perfeito para este Benfica. Porque o jogo se fez fácil desde cedo e porque Rui Bento foi forçado a fazer muitas alterações devido a lesões e ausências provocadas pelos empréstimos de Romário Baldé, Guzzo e Murillo. E ainda foi forçado a substituir o guarda-redes Matt Jones, por lesão, durante a primeira parte.
O Benfica também teve novidades. Sílvio manteve-se no onze mas derivou para a esquerda na lateral de Eliseu, abrindo caminho para a estreia de Clésio, primeiro moçambicano a jogar pela equipa principal dos encarnados desde Armando Sá em 2004. De resto, Talisca apareceu ao lado de Samaris no meio-campo em vez de André Almeida.
A qualidade individual do Benfica também reapareceu. No caso de Gaitán foi pouco mais de um fogacho, na assistência para o primeiro golo, mas Jonas fez questão de mostrar por que é um dos melhores do campeonato português. O brasileiro, segundo melhor marcador da liga há um ano, assinou o primeiro de cabeça, fez o cruzamento que resulta no autogolo de Berger e isolou Gonçalo Guedes para o 3-0 aos 42 minutos. Durante todo este processo, o Tondela só ameaçou o golo num lance em que Samaris cortou a bola com perigo na direcção da baliza de Júlio César.
O resultado confortável fez com que a segunda parte se tornasse ainda mais órfã de emoção. Rui Vitória começou a pensar na partida decisiva da Liga dos Campeões contra o Galatasaray de terça-feira e decidiu poupar Gaitán (71’) e Jonas (75’). Antes disso, aos 64 minutos, foi forçado a interromper a estreia de Clésio por lesão. O jogador de 21 anos não era utilizado na equipa B há um mês e acusou o desgaste.
O último quarto de hora foi marcado pela estreia de Renato Sanches (18 anos) e por mais um golo do marroquino Carcela. Exactamente duas semanas de marcar em Barcelos ao Vianense, o reforço para os flancos aproveitou uma iniciativa individual para fixar o resultado final em 4-0. Não mudou tudo de uma semana para a outra, mas os resultados ajudam. É este o “caminho”.